O suprimento de petróleo da América Latina corre risco por causa do renascente nacionalismo econômico, afirma um estudo preparado pelo Comando Sul dos Estados Unidos, refletindo a preocupação cada vez maior do governo americano com a segurança energética.
No relatório obtido pelo jornal britânico Financial Times, os militares manifestam a mesma apreensão de uma recente investigação do Congresso advertindo para a vulnerabilidade dos EUA, se o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cumprir sua repetida ameaça de cortar o fornecimento para os americanos. A Venezuela é o quinto maior exportador de petróleo para os EUA. É responsável por 18% do petróleo importado pelo país.
Pela análise do Comando Sul dos EUA, com sede no Canal do Panamá, a ampliação do controle estatal sobre a produção de energia em vários países está inibindo investimentos essenciais para aumentar a produção de petróleo em longo prazo.
"A reemergência do controle estatal no setor de energia provavelmente aumente a ineficiência, depois de um aumento de lucros a curto prazo, atrapalhar esforços para aumentar a produção e a oferta em longo prazo", observa o relatório.
Este ano, a Venezuela dobrou a carga de impostos sobre as companhias transanacionais de petróleo, a Bolívia nacionalizou seu petróleo e gás e o Equador encampou os campos de petróleo explorados pela Occidental Petroleum, que era a maior empresa estrangeira em atividade no país.
A produção do México, que elege um novo presidente no próximo domingo, também pode estagnar por causa das restrições ao investimento privado no setor. O candidato favorito é o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México, que não pretende privatizar a PeMex (Petroleos Mexicanos).
Embora a América Latina contribua com apenas 8,4% para a produção mundial de petróleo, exporta 30% do petróleo importado pelos EUA, cerca de 4 milhões de barris por dia de um total de 11 milhões. A Venezuela, o México e o Equador são os maiores exportadores da Região. O Brasil, a Argentina e a Colômbia produzem principalmente para o mercado interno. Uma exceção é Trinidade-Tobago, que se abriu ao investimento estrangeiro.
O relatório indica que a segurança energética se tornou uma preocupação central dos estrategistas americanos. "Se não houver uma mudança positiva no clima para investimentos", adverte o Comando Sul, "os prospectos para o aumento da produção em longo prazo na Venezuela, no México e no Equador, estão em risco".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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