Num pacto de morte para protestar contra a prisão da base americana de Guantânamo, em Cuba, três prisioneiros da guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo se mataram, informou hoje a administração da base. Dois eram sauditas e um iemenita. Eles estavam no Campo 1, onde ficam supostamente os mais perigosos, e se enforcaram em suas celas com a roupa de cama. Foram as primeiras mortes na prisão instalada no início de 2002.
O presidente George Walker Bush manifestou "preocupação" com os suicídios mas o Exército dos EUA os descreveu como "atos de guerra".
No mês passado, houve um violento confronto entre presos e guardas. Os presos teriam simulado uma tentativa de suicídio. Quando os guardas intervieram para impedir o suicídio, foram atacados. Ficou em dúvida, então, se seria mesmo uma tentativa de suicídio ou de iniciar um motim em Guantânamo, onde cerca de 460 presos são descritos pelo governo George W. Bush como "combatentes ilegais".
Como eles não pertencem a um Exército regular, não obedecem a uma hierarquia militar e não usam fardamento, o governo americano lhes nega os direitos dos prisioneiros de guerra garantidos pelas Convenções de Genebra. Alguns estão detidos sem acusação formal nem um julgamento justo de acordo com as leis americanas. Estão num limbo legal.
Há também uma greve de fome na prisão. O total de prisioneiros que rejeitavam comida chegou a 131 no fim de semana passado; hoje, estaria em 18.
A prisão de Guantânamo é um dos principais exemplos das violações dos direitos humanos cometidos pelo governo Bush na guerra contra o terrorismo. Além de grupos de defesa dos direitos humanos, os primeiros-ministros da Alemanha, Angela Merkel, e da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen, e o procurador-geral do Reino Unido, lorde Peter Goldsmith, pediram seu fechamento em nome da liberdade e da democracia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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