O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou hoje a realização em 26 de julho de um referendo para que o eleitorado decida se quer retomar as negociações de paz com Israel para a criação de um Estado palestino que conviva pacificamente com Israel. Segundo o jornal francês Le Monde, que citou funcionários palestinos não-identificados, o referendo seria em 31 de julho.
É uma jogada do líder palestino para encurralar politicamente o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que venceu as eleições parlamentares de 25 de janeiro e forma o atual governo palestino. Por não reconhecer Israel, o Hamas ignora todos os acordos anteriores firmados com Israel e nega-se a abandonar a luta armada.
Depois de uma trégua de um ano e quatro meses, as Brigadas al-Cassem, braço armado do Hamas prometeu ontem voltar a atacar as cidades israelenses em reação contra o bombardeio de uma praia na Faixa de Gaza que matou sete pessoas.
A questão do referendo será: "Você está ou não de acordo com o plano dos prisioneiros?"
Este plano foi elaborado por membros do Fatah, de Abbas, e do Hamas presos por Israel. O documento prevê o reconhecimento implícito de Israel, o fim dos atentados terroristas e a criação de um Estado palestino na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e no setor oriental de Jerusalém, territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Estima-se que três quartos dos palestinos sejam a favor da idéia. Mas o líder da bancada do Hamas no parlamento palestino rejeita enfaticamente a proposta: "Rejeitamos e repudiamos um referendo que abre caminho para a divisão e o caos", declarou o deputado Khalil Hanyeh. "Não ao referendo. Não às concessões."
Esta é a mesma posição do grupo terrorista Jihad Islâmica pela Libertação da Palestina, na voz de seu dirigente Khaled el-Batcha: "Apelamos ao boicote de um referendo que faz o jogo do inimigo sionista e mina os direitos dos palestinos".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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