Em mais uma queda-de-braço em seu duelo permanente com a mídia privada, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaça revogar até o final do ano as concessões de dois canais de televisão que acusa de "fomentar uma guerra psicológica entre os venezuelanos". Mesmo que não tenham sido mencionadas diretamente, sabe-se que seus alvos são a emissora de notícias Globovisión e Radio Caracas Televisión.
Como no Brasil, as emissoras de rádio e televisão funcionam como concessões do poder público federal.
"Temos convocado ao diálogo e dado mostrar de querer trabalhar com os representantes destas emissoras", declarou Chávez durante a cerimônia de entrega de novos fuzis Kalachnikov importados da Rússia para oficiais da Marinha. "Mas tudo tem limite. Não somos arbitrários nem autoritários mas há donos que não dão sinais de que vão mudar."
As TVs privadas fizeram oposição aberta a Chávez de 2001 a 2004. Apoiaram o golpe de 12 de abril de 2002 e as greves patronal e da companhia estatal de petróleo do final de 2002 e início de 2003. Depois que o caudilho ganhou o plebiscito que o confirmou no poder, algumas emissoras optaram pela conciliação, entre elas a TV de maior audiência, Venevisión, do empresário Gustavo Cisneros. Mas a Globovisión e a RCTV mantiveram sua linha oposicionista.
Um dos donos da Globovisión, Nelson Mezerhane, esteve vários meses na prisão acusado de ser o mentor intelectual do assassinato, em novembro de 2004, do procurador Danilo Anderson, que investigava o golpe; agora, está em liberdade condicional. Marcel Granier, da RCTV, foi cogitado como candidato da oposição na eleição presidencial de 5 de dezembro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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