O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu ontem pela primeira vez fechar a prisão instalada na base americana em Guantânamo, em Cuba, para onde foram levados, desde o início de 2002, prisioneiros da guerra contra o terrorismo que seu governo chama de "combatentes ilegais" para lhes negar os direitos garantidos pelas Convenções de Genebra. Mas disse que antes precisa encontrar uma solução para julgar os cerca de 460 presos remanescentes em tribunais militares americanos.
"Gostaria de fechar Guantânamo mas precisamos de um plano. Reconheço que há vários presos perigosos que precisam ser julgados, na minha opinião em tribunais militares", declarou Bush em entrevista na Casa Branca ontem, depois de voltar de uma visita-relâmpago ao Iraque.
No último fim de semana, três prisioneiros se suicidaram em Guantânamo, provocando protestos de organizações de defesa dos direitos humanos e de vários governos europeus. Como a base fica em Cuba, os EUA criaram um limbo legal mas o próprio Bush admitiu recentemente que a Suprema Corte pode ordenar que eles sejam julgados com base nas leis americanas.
Para o governo Bush, com base num parecer do atual secretário da Justiça, Alberto Gonzales, os presos de Guantânamo não são prisioneiros de guerra porque não pertencem a exércitos regulares, não obedecem a uma hierarquia militar nem usam fardamento. A imensa maioria não fui acusada formalmente, portanto não responde a processo algum.
A total falta de perspectiva agrava a situação dos presos e teria sido a principal causa dos suicídios.
Houve denúncias de tortura em Guantânamo e outras prisões militares americanas, especialmente em Abu Ghraib, perto de Bagdá, e também no Afeganistão. É um dos desastres de relações públicas da guerra de Bush contra o terrorismo. Ao lado da invasão do Iraque e do aumento nos preços do petróleo, é uma das principais causas da impopularidade do presidente americano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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