Os jornalistas americanos que publiquem informações sigilosas podem ser processados com base na segurança nacional, advertiu hoje o ministro da Justiça dos Estados Unidos, Alberto Gonzales. No momento, os alvos podem ser os jornalistas do New York Times que revelaram o esquema de escuta e monitoramento de ligações telefônicas pela Agência de Segurança Nacional.
O ministro, que no sistema político americano acumula o cargo de procurador-geral, admitiu que podem ser rastreadas ligações telefônicas de jornalistas no curso de uma investigação sobre vazamento de informações secretas. Mas afirmou que isto nunca será feito indiscriminadamente.
"Temos a obrigação de aplicar a lei. Temos a obrigação de proteger a segurança nacional", justificou Gonzales, autor do parecer usado para manter indenifidamente centenas de prisioneiros da guerra contra o terror como "combatentes ilegais" para lhes negar os direitos garantidos pelas Convenções de Genebra, como uma acusação formal e um julgamento justo.
Nos últimos meses, jornalistas têm sido intimados a depor sobre vazamentos de informações como a revelação da identidade de uma agente secreta e do programa de monitoramento de telefones da Agência de Segurança Nacional.
A diretora executiva do Comitê de Repórteres pela Liberdade de Imprensa, Lucy Dalglish, acredita que o ministro-procurador-geral estava falando da Lei de Espionagem, de 1917, que nunca foi usada contra jornalistas: "Não consigo imaginar uma ducha fria maior na liberdade de expressão e no direito do público de saber o que o governo está fazendo - dois baluartes da democracia - do que processar repórteres."
É mais um sinal do macartismo (referência ao senador Joe McCarthy, que criou a Comissão de Atividades Antiamericanas para perseguir comunistas de 1950 a 1956, no início da Guerra Fria) que se abateu sobre a sociedade americana depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Há uma clara erosão dos direitos civis, com o Estado, sob o comando do governo George W. Bush, atropelando as garantias constitucionais dos cidadãos e violendo os direitos humanos dos presos sob suspeita de terrorismo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário