A minuta da última reunião do Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, realizada em 10 de maio, mostra a preocupação com a inflação. Embora os formuladores da política monetária americana tenham citado riscos tanto de aumento da inflação quanto de desaceleração da economia, eles cogitaram a possibilidade de aumentar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual.
O aumento foi de 0,25, deixando a taxa em 5%. Foi o décimo sexto aumento consecutivo de 0,25 ponto percentual. A simples avaliação da possibilidade de um aumento maior indica que o Fed está preocupado com o crescimento de preços, pressionados sobretudo pela alta do petróleo. Isto aumenta as chances de novo aumento na próxima reunião, em 29 de junho.
Haveria então um risco maior de desaceleração da economia dos EUA e de fuga de capital dos chamados mercados emergentes, onde o risco é maior, para o mercado americano. Por causa disto, muitos estrategistas estão recomendando aos investidores que revejam as suas carteiras para diminuir o peso dos países emergentes, na expectativa de que os preços de suas ações cairão por algum tempo.
Os fundos focados em mercados emergentes caíram 8,4% nas quatro semanas até 26 de maio e os de América Latina, 8,3%. No ano, ainda apresentam resultado positivo de 10,2% e 15,4%, respectivamente.
"A alta nas taxas de juros nos EUA não é boa para o mercado de ações americano porque aponta para uma desaceleração da economia. Não é boa para os países emergentes porque os investidores podem sair destes mercados em busca de aplicações mais seguras", analisou Jeff Tyler, gerente de fundos da corretora American Century Investments.
Tyler prevê uma elevação da taxa básica de juros nos EUA dos atuais 5% ao ano para 6,5%, o que na sua opinião pode tornar "muito altos" os preços das ações dos mercados emergentes.
Para Larry Smith, operador sênior do fundo de hedge Third Wave Global Investors, a perspectiva de taxas de juros mais elevadas no mundo inteiro jogam os mercados numa situação não vista há vários anos: "A maior preocupação dos mercados é com os erros dos bancos centrais, com aumentos exagerados nas taxas de juros. Há uma falta de confiança nos dirigentes dos bancos centrais", especialmente no novo presidente do Fed, Ben Bernanke.
Os analistas temem que Bernanke erre na dose para se mostrar duro no combate à inflação, acabando com o atual ciclo de crescimento da maior economia do mundo, que já dura cinco anos.
Smith vê boas oportunidades na Europa e no Japão, dois pólos da economia mundial que estão se recuperando.
Já Quincy Crosby, estrategista-chefe de investimentos da corretora Hartford, espera queda no Japão e nos mercados emergentes: "Temos um mundo em que os juros estão subindo e o risco sobe com eles porque estão enxugando a liquidez. Isto significa que as posições de risco ficam ainda mais arriscadas. Há uma fuga para a realidade. Não acredito que a queda tenha acabado. Alguns investidores estão esperando para ver se o mercado se recupera. Nem todos podem sair ao mesmo tempo."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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