O reatamento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Líbia, e a retirada do país da lista dos acusados de patrocinar o terrorismo, criam grandes oportunidades para as companhias de petróleo americanas, abrindo um mercado alternativo no momento em que enfrentam dificuldades na América Latina.
As sanções econômicas que os EUA impunham ao regime do coronel Muamar Kadafi foram suspensas em 2004 mas, "no setor de petróleo", como observa Fadel Gheit, analista de energia da consultoria Oppenheimer, "é tudo política. Se Kadafi for recebido na Casa Branca, em poucos dias a Exxon ou a Halliburton fecha um contra".
No momento, a Líbia, um país de 6 milhões de habitantes do Norte da África, produz 1,6 milhão de barris de petróleo por dia, o que a coloca no 16º entre os maiores produtores. Mas suas reservas estão entre as dez maiores do mundo. Além disso, é um petróleo de alta qualidade, leve e de fácil refino.
Com investimentos estrangeiros, a produção líbia pode crescer para 3 milhões de barris diários. Seria uma Venezuela sem o presidente Hugo Chávez, hoje um arquiinimigo dos EUA. Deve propor, na próxima reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), um corte na produção para agitar ainda mais o mercado onde o petróleo já está em US$ 70.
Apesar das sanções a que foi submetida pela acusação de envolvimento no atentado terrorista contra um avião da PanAm que matou 270 pessoas em 21 de dezembro de 1988, a Líbia continuou vendendo seu petróleo ao Ocidente, o que era de interesse mútuo. Mas a indústria petrolífera líbia tinha dificuldades para obter tecnologia.
Na quinta-feira passada, o governo do Equador tomou as propriedades da companhia de petróleo americana Occidental. Em 1º de maio, o novo presidente da Bolívia, Evo Morales, estatizou o petróleo e o gás. E o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está obrigando as empresas de petróleo estrangeiras a fechar acordos com a estatal PdVSA (Petróleos de Venezuela S. A.) em que esta fica com 60% do negócio.
Em viagem pelo Norte da África, na Líbia, Chávez fez suas habituais acusações aos EUA mas Kadafi preferiu manter distância prudente. Hoje é aliado dos EUA e parece muito satisfeito com isso.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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