terça-feira, 23 de maio de 2006

Aversão ao risco traz volatilidade de volta

Depois de um dos piores dias para os mercados financeiros em anos, as bolsas de valores se recuperaram na terça-feira, 23 de maio, mas no fim do dia Nova Iorque e São Paulo terminaram em queda.

O mercado se pergunta agora se foi apenas uma correção temporária ou se a bonança dos últimos três anos na economia internacional chegou ao fim. Para o economista Roberto Troster, da Federação Brasileira dos Bancos, deve ser “apenas uma correção de carteiras”. A alta nos preços do petróleo e dos metais indicam que a demanda continua aquecida. A grande expectativa agora é sobre a inflação nos Estados Unidos, a ser anunciada na sexta-feira.

Na semana passada, as commodities tiveram suas maiores quedas em 25 anos, levando um analista pessimista de Wall Street a prever o estouro de uma bolha especulativa de produtos primários. Mas a recuperação no dia 23 sugere que a forte demanda pode manter a maior alta em mais de cinco décadas.

O ouro caiu na segunda-feira, 22 de maio, US$ 1,40, para US% 656,30, mas na terça teve alta de US$ 15. O cobre subiu 12% ou US$ 900 por tonelada, que vale agora US$ 8.480. A prata aumentou 5,7%, com a onça de 28,35 gramas custando US$ 13,24. Já o petróleo teve alta 3,4% na Bolsa Mercantil de Nova Iorque, cotado a US$ 71,55, principalmente por causa da previsão de que haverá cinco ou seis grandes furacões este ano nos EUA.

Um relatório divulgado da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevendo crescimento no Japão, na Alemanha, na Itália e na França renovou a esperança de que a economia internacional mantenha um ritmo de crescimento de 4%. Mas a aversão ao risco traz de volta a volatilidade. Os próximos meses podem ser turbulentos, com impacto sobre o Brasil.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva foi extremamente beneficiado por um cenário internacional favorável, ao contrário do que aconteceu sob Fernando Henrique Cardoso, que enfrentou crises no México, na Ásia, na Rússia e na Argentina, alem da sua própria, criada pela desvalorização do real em janeiro de 1999.

Com excesso de liquidez no mercado internacional, o dinheiro veio para o Brasil. Mas parte desta atração deve-se às elevadas taxas de juros do Brasil, que provocaram a sobrevalorização do real, prejudicando as exportações, e inibiram o crescimento. Uma forte turbulência agora abalaria a confiança na economia, uma das bandeiras da campanha de reeleição de Lula.

Leia a íntegra na minha coluna semanal em www.baguete.com.br.

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