Os Estados Unidos alertaram ontem a Coréia do Norte que o teste de um míssil de longo alcance criaria um "foco real de preocupação" na sociedade internacional com o regime comunista de Pionguiangue, uma das últimas reminiscências do stalianismo.
A Coréia do Norte foi incluída pelo presidente George Walker Bush no eixo do mal no discurso sobre o Estado da União em janeiro de 2002, ao lado do Iraque e do Iraque. No momento, há uma tensão bilateral porque as negociações sobre o programa nuclear norte-coreano estão estagnadas desde novembro do ano passado.
O governo norte-coreano afirma ter fabricado a bomba atômica mas nunca fez os testes que comprovariam isso. Os serviços americanos acreditam que seja capaz de produzir urânio enriquecido e plutônio. Não tem certeza de que consigam transformá-los em bombas.
Depois que a Coréia do Norte testou um míssil que passou por cima do Japão, outro inimigo histórico, em agosto de 1998, sofreu intensa pressão americana, assumindo o compromisso, em 1999, de não mais testar mísseis balísticos. Com ogivas nucleares e um míssil de mais de 5 mil quilômetros de alcance, poderia atacar os EUA.
Leia abaixo sobre a nova estratégia americana para a Coréia do Norte, que propõe uma negociação paralela para a assinatura de um acordo de paz definitivo na Guerra da Coréia (1950-53). Como só houve um armistício, até hoje as duas Coréias vivem em estado de guerra. Participariam os EUA e a China, que participaram de uma guerra particular.
Como a União Soviética estava boicotando as Nações Unidas em protesto contra a exclusão da República Popular da China (comunista), a Guerra da Coréia foi aprovada pelo Conselho de Segurança, depois que a Coréia do Norte invadiu o Sul em 25 de junho de 1950. Apenas outras duas guerras foram aprovadas pela ONU desde 1945: a Guerra do Golfo (1991) para expulsar os iraquianos que invadiram o Kuwait em 2 de agosto de 1990 e a guerra dos EUA contra o regime dos talebã, no Afeganistão, depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Os EUA lutaram na Coréia e permanecem lá até hoje com um mandato conferido pela ONU. Quando a contra-ofensiva americana estava prestes a tomar o Norte, reunificando a península coreana.
Em 8 de outubro de 1950, quando os americanos cruzaram o paralelo 38º Norte, Mao Tsé-tung ordenou que o Exército Popular de Libertação, da China, se contrasse no Rio Yalu, pronto para atravessá-lo e entrar em combate. Teria dito a Stalin: "Se permitirmos que os EUA ocupem a Coréia, temos de estar preparados para uma guerra dos EUA contra a China".
A força internacional da ONU liderada pelos EUA tomou Pionguiangue em 19 de outubro de 1950. Os chineses contra-atacaram a partir de 25 de outubro. Lançaram uma ofensiva de surpresa e se refugiaram nas montanhas. Atacaram de novo em novembro derrotando várias divisões sul-coreanas e do resto da força da ONU. A retirada do 8º Exército dos EUA foi a mais longa da História militar americana.
Houve uma guerra particular entre os EUA e a China na Coréia, e os chineses venceram. Desde então, não houve mais guerra entre os dois países que são hoje os mais importantes do mundo. Mas a primeira derrota militar americana não foi no Vietnã.
Os chineses e norte-coreanos não só empurraram os americanos de volta para o sul do paralelo 38º Norte. Chegaram a tomar Seul em 4 de janeiro de 1951. O general Arthur McArthur admitiu a possibilidade de usar armas nucleares contra a China. Foi demitido em 11 de abril de 1951 pelo presidente Harry Truman (1945-53).
A partir de julho de 1951, quando começaram as negociações de paz, houve poucas conquistas territoriais. Em 29 de dezembro de 1952, o presidente eleito dos EUA, general Dwight Eisenhower, comandante militar aliado na Segunda Guerra Mundial, foi à Coréia cumprindo uma promessa de campanha.
Em 27 de julho de 1953, depois de mais de 2 milhões de mortes, acabava o primeiro conflito armado da Guerra Fria. Agora os EUA querem negociar uma paz definitiva na esperança de desarmar o programa nuclear da Coréia do Norte.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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