De nada adiantou o apelo da China. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitou a proposta européia para suspender seu programa nuclear, suspeito de desenvolver armas atômicas, em troca de um reator nuclear de água leve e de incentivos econômicos, inclusive acesso à Organização Mundial do Comércio: "Vocês acham que estão lidando com crianças de quatro anos para quem dão chocolate e nozes em troca de ouro?", reagiu o líder fundamentalista iraniano.
Os europeus estão fazendo uma última tentativa de resolver a questão diplomaticamente sem aplicar sanções, como querem os Estados Unidos, que ameaçam impor duras penalidades através de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Até o momento, a China e a Rússia, duas potências com direito de veto no Conselho de Segurança, resistem às sanções. Para evitar o agravamento da crise, a China pediu ontem ao Irã que aceita a proposta européia ou pelo menos a tome como base para negociações. Mas o regime fundamentalista é irredutível: não abre mão de controlar o ciclo de enriquecimento do urânio.
"A nação iraniana não vai aceitar nenhuma suspensão ou fim", proclamou Ahmadinejad em pronunciamento na televisão de seu país.
É menos provável mas não impossível que um reator de água leve seja usado para desenvolver armas atômicas. Um reator de água pesada como o que o Irã está construindo na cidade de Arak, com previsão de terminar em 2009, produz plutônio, que pode ser usado como carga de bombas atômicas, como lixo nuclear. O reator de água leve usa como combustível nuclear urânio enriquecido de 3,5% a 5%, que pode ser reprocessado para atingir um teor de 90%. Este grau permite seu uso em armas nucleares.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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