O presidente Álvaro Uribe deve vencer hoje, no primeiro turno, a eleição para presidente da Colômbia. As pesquisas de opinião lhe dão cerca de 60% das preferências. Em segundo lugar, vem Carlos Gaviria, do recém-criado Pólo Democrático Alternativo, de esquerda, que defende a negociação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, um grupo guerrilheiro de inspiração marxista que luta há mais de 40 anos contra o Estado colombiano.
Uribe, cujo pai foi assassinado pelas FARC numa tentativa de seqüestro em 1983, foi prefeito de Medelim e governador do departamento de Antióquia. Elegeu-se também no primeiro turno em 2002 com uma plataforma linha-dura que chama de "segurança democrática" em que nega legitimidade política à guerrilha, prometendo combater a violência política e o tráfico de drogas sem fazer concessões.
Mas mesmo com os US$ 4,5 bilhões que recebeu dos Estados Unidos no Plano Colômbia, a área plantada com coca no país não diminuiu. E a guerrilha, que se beneficia com o tráfico nas "áreas liberadas", ganhando US$ 400 a 500 milhões por ano com atividades ilegais, não tem estímulo para abandonar a luta armada. Há mais de 3 mil colombianos seqüestrados, inclusive a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt, desde 23 de fevereiro de 2002.
Os paramilitares de direita das Autodefesas Unidas da Colômbia, vistos como aliados informais de Uribe na luta contra as guerrilhas de esquerda, anunciaram sua desmovilização. O Exército de Libertação Nacional promete fazer o mesmo. As FARC não abandonaram a luta mas desta vez não estão boicotando as eleições.
Durante o primeiro governo Uribe, a Colômbia, que tem a terceira maior população da América Latina, 42 milhões de habitantes, cresceu 4,7% em média e 5% no ano passado. Também assinou um acordo de livre comércio com os EUA, o que levou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusado de apoiar as FARC, a retirar seu país de Comunidade Andina de Nações.
Mas com a redução da violência e a melhora da situação econômica, ajudada pela alta nos preços do petróleo, carvão e níquel, já se comenta que Uribe deve concorrer a um terceiro mandato.
Outro efeito do governo Uribe foi a desarticulação do quadro político tradicional na Colômbia, antes dominado pelos partidos Liberal e Conservador. Em tese, ele é um liberal mas na prática suas políticas são conservadoras. Uma nova esquerda está em segundo nas pesquisas. O terceiro é Horacio Serpa, um liberal que disputa a presidência pela terceira vez.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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