O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou hoje uma suposta conspiração internacional contra a estatização do petróleo e do gás decretada por ele em 1º de maio, informou a Folha Online. Ele pediu aos movimentos sociais e a todos os bolivianos que se mobilizem para defender a nacionalização dos recursos energéticos do país, dizendo ter informações do exterior de que há um complô para que as empresas estrangeiras "não percam o que ganhavam antes".
Numa atitude hostil às empresas estrangeiras, em contraste com a posição de ministros que reconhecem a necessidade de capital e tecnologia, Morales disse que "é gente que causou tanto prejuízo econômico ao país, que leiloou seus recursos naturais". E acrescentou, numa linguagem radical: "Diremos basta a essa gente que enganou tanto a Bolívia e saqueou nossos recursos naturais."
Já o vice-presidente Álvaro García Linera afirmou estar pronto para enfrentar qualquer processo de arbitragem internacional, sobre a legalidade da estatização. A Petrobrás espera ser indenizada por seus bens expropriados e deve recorrer à Justiça, na Bolívia e nos Estados Unidos, onde vende ações na Bolsa de Nova Iorque, se for necessário.
Hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os contratos assinados, que prevêem reajustes no preço do gás a cada cinco anos. A Bolívia exige um aumento imediato da ordem de 65%.
Morales joga para a platéia. Está em campanha para a eleição de uma Assembléia Constituinte, em 2 de julho. Mas o aumento da radicalização dificulta uma solução negociada.
Como Morales prometeu estatizar também as minas e as terras da Bolívia, aumenta a tensão entre os agricultores brasileiros que produzem soja, sobretudo na província de Santa Cruz de la Sierra, bastante ligada ao Brasil economicamente. Eles investiram quase US$ 1 bilhão na última década e meia. São responsáveis por 35% da produção de soja, segundo maior produto de exportação da Bolívia, depois do gás natural.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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