Em entrevista ao jornal argentino La Nación, o ministro de Planejamento do Desenvolvimento da Bolívia, o economista Carlos Villegas, deixou claro pela primeira vez que o governo boliviano quer aumentar de US$ 3,35 para US$ 5,50 por milhão de BTUs (uma unidade de medida) o preço do gás que vende para a Argentina. É um aumento de quase 65%.
"Dizemos US$ 5,50 por milhão de BTUs por causa do comportamento do preço do gás no mercado internacional", justificou Villegas. "Não podemos baixar substancialmente esta proposta".
Como o presidente da Bolívia, Evo Morales, prometeu manter o suprimento de gás ao Brasil e à Argentina na reunião de cúpula de quinta-feira passada, a grande questão a ser negociada passa a ser o aumento no preço do gás.
A Petrobrás resiste a qualquer mudança fora dos termos dos contratos assinados com governos bolivianos anteriores, que prevêem reajustes a cada cinco anos com base nas oscilações internacionais dos preços.
O presidente argentino, Néstor Kirchner, também deve resistir. Trava uma batalha contra a inflação, que passa de 10% ao ano. O aumento do preço do gás para empresas de energia na Argentina certamente teria impacto inflacionário.
Villegas alegou que a nacionalização era uma promessa de campanha: "As empresas sabiam que o governo tomaria esta decisão". Mas admitiu que, como se tratava de uma decisão soberana, nenhum governo foi informado com antecedência.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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