Símbolo do lirismo e do desencanto com o fim do sonho dos anos 1960s, American Pie, de Donald McLean, foi considerada a mais música mais importante do século 20 nos Estados Unidos. Seu rascunho foi vendido ontem num leilão por US$ 1,2 milhão. O recorde é de Like a Rolling Stone, de Bob Dylan, vendida por US$ 2 milhões.
A música tem oito minutos e meio. É uma balada chorosa e emocionante com uma letra enigmática que mais uma vez os críticos e fãs tentam desvender. McLean fala de manchetes de jornal que o fizeram tremer sobre morte de três roqueiros (Buddy Holly, J. P. Richardson e Ritchie Valens) num acidente de avião em 3 de fevereiro de 1959, o "dia em que a música morreu". Também faz uma referência aos abusos da geração do sexo, das drogas e do rock'n'roll.
"Há muito tempo eu me lembro como essa música me fazia sorrir", começa a letra. "Se eu tiver uma chance e fizer as pessoas dançarem, talvez elas possam ser felizes por um momento."
Em 1964, no ano seguinte ao assassinato do presidente John Kennedy, um dos golpes no sonho, os Beatles chegaram aos EUA, provocando uma revolução no rock'n'roll, o gênero musical lançado dez anos antes por Bill Halley e seus Cometas, e realimentando o sonho de um mundo menos hipócrita.
"Você acredita no rock'n'roll. A música pode salvar sua alma moral", dizia a letra mais à frente, antes de falar numa "geração perdida no espaço".
Quando perguntaram a McLean qual o significado de American Pie, ele respondeu: "Significa que eu nunca mais vou ter de trabalhar."
Agora, no catálogo do leilão, o artista disse mais: "Basicamente, em American Pie as coisas estão indo na direção errada. Estão ficando menos idealistas, menos idílicas. Não sei se vocês consideram certa ou errada, mas num sentido é uma música sobre a moralidade. Eu andava por aí em 1970 e ando por aí em 2015. Não há mais poesia e há muito pouco romance em qualquer coisa, então é realmente como a última parte de American Pie."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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