O mundo tem um nível recorde de 192 milhões de desempregados e precisa criar 43 milhões de empregos a mais por ano para reduzir o desemprego. Mas neste momento de rápida mudança tecnológica e das relações de trabalho, o que se observa é uma incerteza crescente para a maioria em contraste com oportunidades sem precedentes para poucos. A conclusão é do relatório Mudança de Padrões no Mundo do Trabalho, apresentado à 95ª conferência internacional da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que se realiza em Genebra, na Suíça, até 16 de junho.
A OIT destaca a “emergência de um mercado de trabalho global”, entre as seguintes constatações:
• A força de trabalho global cresce rapidamente. Hoje, mais de 3 bilhões estão trabalhando ou procurando trabalho, um número que deve aumentar em mais de 430 milhões até 2015.
• Centenas de milhões de novos empregos precisam ser criados na próxima década, 43 milhões a mais por ano para reduzir o desemprego em escala global, que atingiu 192 milhões de pessoas em 2005, em comparação com 157 milhões em 1995.
• O impacto da aids será devastador em muitos países. A epidemia, que atinge as pessoas na fase mais produtiva de suas vidas, deve causar prejuízos estimados em US$ 270 blhões até 2020 nos 41 países mais atingidos pela doença.
• As mulheres constituem 40% da força de trabalho. De 1991 a 2005, o total de mulheres trabalhadoras passou de menos de 1 bilhão para 1,22 bilhão. Mas as mulheres ainda enfrentam muitos obstáculos e preconceitos para sua integração em condições de igualdade no mercado de trabalho.
• Na última década, a taxa de desemprego dos jovens cresceu de 12,1% para 13,7%. Em 2005, os jovens de países em desenvolvimento tinham 3,3 vezes mais chance de estarem desempregados do que trabalhadores adultos. Nos países desenvolvidos, os jovens têm 2,3 mais chances de estarem desempregados do que adultos.
• Em 2004, havia 218 milhões de crianças trabalhando, uma queda de 11% em quatro anos.
• O grupo de pessoas com mais de 60 anos ou mais cresce mais rapidamente do que as outras faixas etárias. As taxas de participação no Mercado de trabalho de mulheres de mais de 50 anos aumentou no mundo inteiro.
• A participação do setor de serviços como fonte de emprego aumentou de 34,4% em 1995 para quase 39% em 2005, aproximando-se dos 40% da agricultura. O setor industrial absorve hoje apenas 21% da mão-de-obra.
“É necessário um grande esforço para aumentar a produtividade, os rendimentos e as condições de trabalho para reduzir a pobreza que afeta quase a metade dos trabalhadores de todo o mundo”, comentou o diretor-geral da OIT, Juan Somavia. “Vivemos numa era de oportunidade e incerteza. Algumas barreiras que impediam a plena realização de homens e mulheres estão caindo. Mas está ficando cada vez mais difícil encontrar bons empregos que dêem segurança para construir uma vida melhor.”
Quatro fatores estão mudando o universo do trabalho:
• o imperativo do desenvolvimento para reduzir a pobreza e a desigualdade dentro das nações e entre elas;
• a revolução tecnológica provocada pela disseminação da tecnologia de informática;
• a crescente competição global decorrente da liberalização do comércio e das finanças, assim como da dramática redução dos custos de comunicação e de transportes; e
• uma mudança nas políticas trabalhistas, com crescents pressões para flexibilizar a legislação, reduzindo direitos, numa precarização do mercado de trabalho.
“Para garantir trabalho decente para todos, é vital entender o processo de mudança para poder transformá-lo de modo a gerar mais e melhores empregos”, diz o relatório. “O progresso tecnológico, se aplicado para promover a inclusão em vez da exclusão, pode aumentar a produtividade e tornar a pobreza material história em uma geração".
Outros temas abordados são a crescente migração internacional de trabalhadores e o crescimento da economia informal.
O relatório defende a implantação de indústrias que fazem uso intensivo de mão-de-obra em vez de serem intensivas em capital nos países menos desenvolvidos com maior problema de desemprego.
A OIT chama atenção ainda para “a realidade econômica de que a população que trabalha paga com seus rendimentos as aposentadorias e os serviços de saúde pública, seja através de impostos ou de dividendos e benefícios pagos pelas empresas onde trabalha. A proporção entre empregados e desempregados ou aposentados torna mais pessoas dependentes proporcionalmente dos trabalhadores de hoje".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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