Pelo menos 149 pessoas foram mortas, sendo 137 adolescentes de 12 a 16 anos, depois que seis terroristas da milícia fundamentalista dos Talebã (Estudantes) invadiram uma escola secundária frequentada por filhos de militares, com granadas, metralhadoras e homens-bomba na cidade de Peshawar, no Paquistão. Outras 200 pessoas saíram feridas.
O Exército do Paquistão anunciou há pouco que as operações na escola foram concluídas e se concentram agora nos arredores de Peshawar na busca de outros elementos da milícia jihadista.
A jovem Malala Youssafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz deste ano por sua defesa da educação feminina, condenou o atentado, declarando estar com "o coração partido pelo ato de terror de sangue frio e sem sentido". Ela ficou famosa depois de ser baleada na cabeça pelos Talebã do Paquistão numa tentativa de assassiná-la, em outubro de 2012. O primeiro-ministro Nawaz Sharif considerou o ataque à escola uma "tragédia nacional".
A Milícia dos Talebã justificou o ataque como uma resposta à ofensiva do governo nas regiões tribais do Noroeste do Paquistão, refúgio para vários grupos extremistas muçulmanos e alvo constante do bombardeio de drones dos Estados Unidos.
Uma granada foi explodida na entrada da escola. Em seguida, terroristas suicidas invadiram o prédio, alguns pulando o muro e detonaram suas bombas, enquanto outros milicianos disparavam suas metralhadoras.
Em entrevista à televisão britânica BBC, o general Athar Abbas, ex-porta-voz do Exército, advertiu que o país precisa parar de ignorar que está em guerra civil.
O poderoso serviço secreto militar do Paquistão apoia grupos extremistas como os Talebã do Afeganistão para usá-los no conflito histórico com a Índia, caso, por exemplo, dos Talebã do Punjab. Para vencer esta guerra, as Forças Armadas paquistaneses terão de esclarecer suas relações ambíguas com esses grupos.
O ataque deve aumentar a determinação do Exército de combater o terrorismo, descrito por muitos paquistaneses como "uma guerra que nos foi imposta" por causa da invasão dos Estados Unidos ao vizinho Afeganistão para vingar os atentados de 11 de setembro de 2001.
Na prática, os extremistas muçulmanos mataram a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto quando ela fazia campanha eleitoral para voltar ao poder, em 27 de dezembro de 2007, e tentar matar seu marido, Assif Ali Zardari, quando ele foi eleito presidente, em 2008. A guerra contra o terrorismo é, portanto, uma guerra do Paquistão.
O Movimento dos Talebã (Estudantes) do Paquistão existe oficialmente desde 2007. É uma coalizão de 30 milícias forjada pela invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão, em 2001, para vingar os atentados terroristas de 11 de setembro, que levou os talebã afegãos a se refugiar no Paquistão.
A milícia dos Talebã do Afeganistão surgiu em 1994, com o apoio do Paquistão, dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, prometendo colocar ordem no caos deixado pela retirada soviética, em 1989 e estabilizar as rotas comerciais. Em 1996, tomou o poder no Afeganistão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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