segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Polícia da Austrália invade café em Sídnei

Depois de mais de 16 horas de sequestro, a polícia da Austrália invadiu na madrugada desta terça-feira pela hora local o Café Chocolate Lindt, no centro financeiro de Sídnei, a maior e mais rica cidade do país. Duas pessoas foram mortas, inclusive o terrorista, e cinco saíram feridas, três em estado grave. O cerco acabou.

O homem invadiu o café pouco depois das 9h40 da manhã desta segunda-feira pela hora local, 20h40 de domingo em Brasília, tomou funcionários e consumidores como reféns e obrigou-os a estender uma bandeira que inicialmente se acreditou que seria da milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante na vidraça do estabelecimento. Na verdade, era uma faixa dizendo: "Alá e Deus e Maomé seu profeta".

Uma brasileira de origem libanesa, Márcia Mikhael, estava entre os reféns. A família disse que ela está bem, informou há pouco o telejornal Hoje. Antes, Márcia escreveu no Facebook que tinha sido sequestrada por um militante do Estado Islâmico que queria dizer ao mundo que a Austrália está sob ataque: "Ele tem uma arma e uma bomba".

A polícia de choque cercou o local e o primeiro-ministro Tony Abbott declarou que a situação era "extremamente inquietante". O terrorista era simpatizante da milícia jihadista, está sendo combatida pelos Estados Unidos e aliados, entre eles a Austrália, na Síria e no Iraque. A ação é vista como uma retaliação pela participação australiana na guerra contra o Estado Islâmico.

O terrorista foi identificado como Man Haron Monis, um autoproclamado clérigo muçulmano iraniano que se mudou para a Austrália em 1996. Ele havia sido indiciado criminalmente duas vezes. Foi condenado a fazer trabalho comunitário por causa das cartas, era suspeito da morte da mulher e tinha sido acusado de crimes sexuais.

Monis afirmou ter espalhado bombas por toda a cidade e queria falar pessoalmente com o primeiro-ministro. Não se sabe se ele tem algum contato direto com o Estado Islâmico. É um homem de 50 anos, diferente do perfil dos jovens radicais do Ocidente que aderem ao EI.

O temor das autoridades na América do Norte, na Europa e na Austrália é que exemplos como este se multipliquem, dos chamados "lobos solitários", células terroristas de um homem só motivado e instruído via Internet nas técnicas de fabricar explosivos e realizar atentados. Sem outros contatos, é difícil descobrir suas intenções.

Em comentário na televisão americana CNN, o analista Fareed Zakaria observou que essa é a face do terrorismo nos dias de hoje: "Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, criou-se uma expectativa de que haveria mais ataques espetaculares, mas os ataques são realizados cada vez mais por pequenos grupos ou indivíduos isolados."

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