Só no ano passado, 94 mil venezuelanos pediram asilo em outros países. De 2014 até 7 de março de 2018, a fuga do país aumentou 20 vezes, e chegou a um total de 145,2 mil pessoas, revelou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Outras 444,8 mil pessoas saíram da Venezuela, mas não fixaram oficialmente residência no exterior.
A ONU atribui a emigração em massa "aos complexos acontecimentos políticos e socioeconômicos da Venezuela. Os motivos para a saída do território incluem insegurança e violência, falta de comida, remédios ou acesso a serviços sociais essenciais, assim como perda de renda."
Sob o desgoverno do ditador Nicolás Maduro, a Venezuela vive a pior crise econômica de sua história, apesar de ter as maiores reservas mundiais comprovadas de petróleo, por causa do fracasso do "socialismo do século 21" implantado pelo caudilho Hugo Chávez, que morreu em 5 de março de 2013.
Sem o talento nem o carisma do chefe, Maduro está arruinando a Venezuela numa escala sem precedentes para um país relativamente desenvolvido em tempo de paz. Com os controles de câmbio e preços, o regime chavista causou uma hiperinflação que deve chegar a 13.000% neste ano.
Desde a ascensão de Maduro, o produto interno bruto caiu pelo menos um terço. Isso caracteriza uma recessão econômica. Mas a situação é muito pior. Mais de 80% dos produtos desapareceram das prateleiras dos supermercados. Os venezuelanos perderam peso com a fome.
A vitória da oposição nas eleições parlamentares de dezembro de 2015 foi o último suspiro da democracia. O Tribunal Supremo de Justiça, subserviente ao regime, impugnou a eleição de cinco deputados para tirar a maioria de dois terços que em tese daria à oposição o direito de reformar a Constituição.
Depois de uma tentativa do TSJ de usurpar o Poder Legislativo da Assembleia Nacional, desafiada por uma onda de manifestações de protesto em abril, maio e junho de 2017, Maduro convocou uma Assembleia Nacional Constituinte eleita por regras especiais criadas pelo regime chavista.
A oposição boicotou a Constituinte de Maduro, que transformou definitivamente o regime numa ditadura ao marginalizar a Assembleia Nacional eleita democraticamente.
No ano passado, a Venezuela teve o segundo maior índice de homicídios do mundo fora de zonas de guerra, atrás apenas de El Salvador. Em 2014, o índice era de 62 homicídios para cada 100 mil habitantes por ano, de acordo com a então procuradora-geral Luisa Ortega. A taxa considera civilizada é até 10.
Como 95% dos mortos são homens e 69% jovens, a taxa de homicídios entre os jovens chegou a 225 por 100 mil no ano 2000. Cerca de 92% dos homicídios são cometidos com armas de fogo, 83% perto da casa das vítimas, 55% em altercações públicas e 55% das mortes violentas ocorrem nos fins de semana.
Para manipular a eleição presidencial, remarcada de 22 de abril para 20 de maio, a ditadura madurista vetou os principais candidatos, partidos e a grande aliança oposicionistas, antecipou a votação, prevista para ocorrer no fim do ano, e está distribuindo cestas básicas em áreas carentes.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 13 de março de 2018
Total de venezuelanos que saem do país aumentou 20 vezes
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