Numa vingança pessoal do presidente Donald Trump, o secretário da Justiça, Jeff Sessions, demitiu ontem o subdiretor do FBI (Federal Bureau of Investigation), Andrew McCabe, dois dias antes do prazo para ele se aposentar com vencimentos integrais.
Como sentia-se perseguido, McCabe entregou memorandos de seus encontros com o presidente ao procurador especial Robert Mueller, que investiga a interferência da Rússia nas eleições nos Estados Unidos e um possível conluio da campanha de Trump com o Kremlin.
Sob pressão da Casa Branca, McCabe deixou o cargo em janeiro. Estava afastado sob licença, aguardando o prazo para se aposentar. Ao justificar a demissão, Sessions citou uma investigação do Inspetor Geral para acusar o ex-subdiretor de fazer revelações não autorizadas aos meios de comunicação e por "falta de candura - inclusive sob juramento - em múltiplas ocasiões".
Em sua conta no Twitter, Trump festejou: "É um grande dia para os homens e mulheres que trabalham duramente no FBI. Um grande dia para a democracia. Santinho James Comey era seu chefe e fez McCabe parecer um sacristão. Ele sabia tudo sobre as mentiras e a corrupção nos altos níveis do FBI!"
McCabe reagiu imediatamente. Denunciou uma manobra da "guerra contra o FBI" para desacreditar a investigação do procurador especial: "É parte de um esforço para me desacreditar como testemunha. É extremamente injusto com minha reputação depois de 21 anos de carreira."
Ele foi diretor-geral interino do FBI, a polícia federal dos EUA, depois que Trump demitiu o diretor-geral James Comey, em 9 de maio de 2017, depois de pressioná-lo, sem sucesso, a encerrar o inquérito sobre as relações de seu ex-assessor de Segurança Nacional, general Michael Flynn, com a Rússia.
Como Mueller pediu documentos da Organização Trump, o presidente sente o inquérito se aproximar cada vez mais dele e de sua família. Quatro ex-assessor de Trump, 13 russos e quatro empresas russas já foram denunciadas criminalmente pelo procurador especial.
Quando recebeu McCabe na Casa Branca, Trump perguntou em quem ele havia votado na eleição presidencial. McCabe respondeu que não havia votado. O presidente considera a lealdade uma questão pessoal, enquanto os altos funcionários do FBI como Comey ou McCabe vêm de uma cultura de serviço público de trabalhar para o país e não para pessoas.
O governo acusa McCabe de interferir na investigação do FBI sobre o correio eletrônico privado usado por Hillary Clinton quando secretária de Estado. Sua mulher foi candidata a senadora estadual pelo Partido Democrata na Virgínia, quando recebeu US$ 700 mil de um comitê de campanha de um aliado de Hillary.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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