O presidente Donald Trump anunciou hoje a decisão de impor tarifas no valor de até US$ 60 bilhões por ano às importações da China, que acusou por décadas comércio desleal, roubo de propriedade intelectual e segredos comerciais dos Estados Unidos.
A China declarou estar pronta para uma guerra comercial de longo prazo entre as duas maiores economias do mundo. Por medo do impacto do conflito, o Índice Dow Jones da Bolsa da Valores de Nova York caiu mais de 700 pontos (2,9%).
É a segunda medida protecionista adotada pelo presidente americano para combater o que chama de "agressão econômica". A primeira foi sobretaxar as importações de aço em 25% e de alumínio em 10%. Em 15 dias, os EUA deverão apresentar a lista dos produtos chineses a serem sobretaxados.
Além das tarifas, os EUA vão restringir a compra de empresas de alta tecnologia e a transferência de tecnologia para os chineses. Há um grande avanço da China para superar os EUA em alta tecnologia e os americanos consideram essa supremacia essencial para manter a posição de maior potência mundial.
Trump chegou à Casa Branca decidido a reduzir o déficit comercial dos EUA, que no ano passado chegou a US$ 566 bilhões. Com a China, subiu de US$ 347 bilhões para US$ 375 bilhões. Diante destas cifras, o presidente cobrou do governo chinês um plano para reduzir o déficit em US$ 100 bilhões. Sem uma resposta concreta, partiu para a ação.
Ao contrário do que pensa a maioria dos economistas, o presidente afirmou que as tarifas "vão nos tornar numa nação mais rica e mais forte", reduzindo "o maior déficit comercial que qualquer país já teve na história da humanidade. Está fora de controle."
O presidente adota na política as mesmas táticas de confrontação que aprendeu no mundo dos negócios. Ataca, tenta minar o poder do outro lado e depois recua um pouco, dando a impressão de ceder.
Nas tarifas sobre o aço e o alumínio, Trump acenou com isenção para os aliados dos EUA, inclusive o Brasil. Austrália, Canadá e Coreia do Sul conseguiram oficialmente a isenção. O alvo da guerra comercial é a China e os EUA podem precisar de aliados.
"Não queremos uma guerra comercial", declarou o embaixador chinês nos EUA, Cui Tiankai. "Mas não estamos com medo. Se alguém nos impuser uma guerra comercial, com certeza vamos contra-atacar e retaliar."
A China se defende alegando que aumentou a proteção à propriedade intelectual e prometendo abrir sua economia ao investimento estrangeiro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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