Cerca de 20 mil civis fugiram ontem do distrito de Guta Oriental, alvo há semanas de uma ofensiva do Exército da Síria e aliados, inclusive a Força Aérea da Rússia. No Norte da Síria, milhares de curdos fogem de uma ofensiva da Turquia para evitar a criação de um enclave em sua fronteira.
A guerra civil síria completou sete anos com um total de 500 mil. Cerca de 12 milhões, mais metade da população, fugiram de casa e 5,5 milhões saíram do país. A tragédia humanitária continua sem trégua.
Com a cobertura dos bombardeios aéreos, as forças leais à ditadura de Bachar Assad avançam por terra. Já controlam mais da metade do território de Guta Oriental, uma região agrícola na periferia de Damasco, último reduto dos rebeldes nos arredores da capital síria.
Só da cidade de Hamuriê saíram 10 mil pessoas nos últimos dias. Quem ficou se esconde em ruínas, túneis e cavernas. "Fugi através do campo", contou um sírio via Skype ao jornal americano The Washington Post. "Havia um intenso bombardeio a meu redor. A fuga é um renascimento porque o suplício aqui era igualmente perigoso."
Outra testemunha contou que "famílias inteiras foram assassinadas. Seus corpos estão jogados nas ruas. Ninguém pode ajudar por causa dos bombardeios."
A Batalha de Guta Oriental é das mais encarniçadas da guerra civil síria. O total de mortos é estimado em 1,8 mil.
Em Ancara, a Turquia repudiou uma moção aprovada no Parlamento Europeu para exigir a retirada imediata da região de Afrin. Quando uma milícia árabe-curda financiada, treinada e armada pelos Estados Unidos para combater o Estado Islâmico ocupou a área, o governo turco viu uma ameaça por causa da ligação dos guerrilheiros curdos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta pela autonomia dos curdos da Turquia.
O ditador turco, Recep Tayyip Erdogan, teme que os curdos da Síria se juntem aos do Iraque para proclamar a independência do Curdistão e reivindicar a soberania sobre a região de maioria curda na Turquia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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