Cinco dias depois do estouro do escândalo sobre o roubo de dados de 50 milhões de americanos com objetivos eleitorais pela empresa britânica Cambridge Analytica, o fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, quebrou o silêncio.
Em texto publicado na rede social, diante da "quebra de confiança", Zuckerberg prometeu auditar milhares de aplicativos e proteger a privacidade dos usuários, mas a declaração foi considerada insuficiente.
"Você precisa vir ao Congresso e depor sob juramento", respondeu o senador democrata Ed Markey, citado pelo jornal The New York Times. O Parlamento Europeu e a Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico também querem ouvi-lo.
Por enquanto, Zuckerberg se defende via Facebook: "Temos a responsabilidade de proteger nossos dados e, se não pudermos, não merecemos servir vocês", escreveu. "Fundei o Facebook e sou responsável pelo que acontece em nossa plataforma", citou o jornal The Washington Post.
Zuckerberg tenta tratar o caso como isolado: "Embora esta questão específica envolvendo a Cambridge Analytica não vá se repetir com os novos aplicativos de hoje, não muda o que aconteceu no passado. Vamos aprender com esta experiência e aumentar a segurança da nossa plataforma e assegurar nossa comunidade daqui para a frente."
O chefão do Facebook prometeu reduzir o acesso de empresas que produzem aplicativos aos dados dos usuários, mas não tocou na questão central: sua empresa se tornou uma mina de dados pessoais de mais de 1 bilhão de consumidores, cobiçados por milhares de empresas.
"Ele evitou a grande questão, que há muitos anos o Facebook está basicamente dando dados dos usuários como quem distribui doces", comentou o professor Jonathan Albright, diretor de pesquisas do Centro Tow para Jornalismo Digital da Universidade de Colúmbia. "Não há discussão de que a distribuição de dados fez do Facebook o sucesso que é hoje. Isto tem de ser reconhecido como parte do modelo de negócios e não como um problema isolado."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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