O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy será processado por corrupção ativa e tráfico de influência por ter feito favores para influenciar um alto magistrado a revelar detalhes de uma investigação e assim obter uma decisão favorável num tribunal superior, revelou hoje o jornal francês Le Monde.
Sarkozy é acusado de tentar obter informações de um processo sigiloso do então ministro Gilbert Azibert, da Corte de Cassação, equivalente no sistema judiciário da França ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) do Brasil.
O advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, e o ex-magistrado foram denunciados por corrupção ativa, tráfico de influência e violação do sigilo profissional.
Este processo é do caso Liliane Bettencourt, a mulher mais rica da França, dona da empresa de produtos de beleza L'Oréal. Em 2010, quando estava sendo investigada por evasão fiscal por manter dinheiro em contas secretas na Suíça, ela teria feito pagamento a membros do governo Sarkozy.
Com o telefone de Bettencourt sob escuta judicial, o então ministro do Orçamento, Éric Woerth, pediu um emprego para a mulher dele gerenciar a fortuna da dona de L'Oréal, quando movia uma campanha contra a sonegação fiscal. Bettencourt recebeu uma restituição de imposto de renda no valor de 30 milhões de euros (R$ 120 milhões pelo câmbio atual).
Um mês depois, em julho de 2010, a ex-contadora de Liliane Bettencourt, Claire Thibout revelou que a bilionária dava envelopes de dinheiro a políticos do partido conservador União por um Movimento Popular (UMP), liderado por Sarkozy. Em março de 2007, Woerth, tesoureiro do partido, teria recebido da contadora 150 mil euros para a campanha eleitoral do UMP.
Pela lei francesa, as contribuições individuais são limitadas a 6,4 mil euros. Doações acima de 150 euros precisam ser feitas em cheque com identificação clara contra do doador.
Em outubro de 2010, as redações do jornal Le Monde, da revista Le Point e da empresa jornalística digital Mediapart foram invadidas e os computadores arquivos sobre o Caso Bettencourt foram roubados. Sarkozy e Woerth foram indiciados em 2013, mas o ex-presidente foi excluído do caso em 2014
Quando abriu inquérito a respeito, o Ministério Público de Paris obteve uma autorização de escuta telefônica. Os telefonemas revelaram que Sarkozy e Herzog gozaram da cumplicidade do ministro Azibert. Em 2016, a Corte de Cassação confirmou a legalidade das gravações.
Há nove dias, Sarkozy foi indiciado em outro caso, sobre uma doação ilegal de 50 milhões euros (R$ 200 milhões) que teria recebido clandestinamente do ditador da Líbia, coronel Muamar Kadafi, para a campanha de 2007.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 29 de março de 2018
Ex-presidente Sarkozy é denunciado na França por corrupção
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