quinta-feira, 8 de março de 2018

Rússia ataca ex-espião na Inglaterra como no tempo da Guerra Fria

O stalinismo acabou como doutrina econômica, mas não como modo de governar. O ex-agente duplo Serguei Skripal, sua filha Yulia Skripal e o policial britânico que os socorreu estão hospitalizados em estado grave desde domingo, quando foram encontrados caídos numa praça próxima a um centro comercial da cidade de Salisbury. Suspeita-se que tenham sido envenenados pelo serviço secreto da Rússia com um agente neurotóxico.

Ao todo, 21 pessoas contaminadas estão em tratamento. Em discurso na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, a ministra do Interior, Amber Rudd, descreveu o ataque como "descarado, deplorável e cruel", comprometendo-se a "agir sem hesitação quando os fatos se tornarem claros". Ela informou ainda que a situação do detetive Nick Bailey é estável. O policial consegue "falar e se engajar numa conversa", declarou a ministra, citada pela televisão pública britânica BBC.

A Rússia, como de costume nestes casos, nega tudo. O ministro do Exterior do Reino Unido, Boris Johnson, prometeu não deixar impune. Com seu estilo de bufão, fez uma ameaça que soa ridículo diante da gravidade da situação: autoridades britânicas podem boicotar a Copa do Mundo na Rússia.

Durante a Guerra Fria, em 11 de setembro de 1978, o escritor dissidente búlgaro Georgi Markov foi morto o com veneno colocado na ponta de um guarda-chuva quando esperava um ônibus na Ponte de Waterloo, no centro de Londres.

Com o fim do comunismo, 26 anos depois o jornalista búlgaro Hristo Hristov descobriu nos arquivos do serviço secreto da Bulgária que o assassino foi o dinamarquês de origem italiana Francesco Gullino.

Em 1º de novembro de 2006, outro ex-espião russo, Alexander Litvinenko passou mal depois de um encontro com dois ex-colegas no Hotel Millennium. Andrei Lugovoi e Dimitri Kovtun haviam prometido informações sobre o assassinato em Moscou da jornalista russa Anna Politkovskaya, crítica do Kremlin e de Vladimir Putin.

Litvinenko se transfigurou diante das câmeras até morrer 23 dias depois, envenenado pelo elemento radioativo Polônio-210. Lugovoi é hoje deputado da Duma do Estado, a câmara baixa do Parlamento da Rússia.

Skripal foi condenado a 13 anos de prisão na Rússia em 2006 sob a acusação de revelar a identidade de agentes russos ao serviço secreto britânico MI6. Em 2010, ele foi um dos quatro apenados entregues aos Estados Unidos em troca da libertação de 10 espiões russos presos pelo FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal americana.

Nenhum comentário: