quarta-feira, 14 de março de 2018

Reino Unido expulsa diplomatas russos por ataque a ex-agente duplo

Na maior expulsão de espiões do país desde o fim da Guerra Fria, o Reino Unido anunciou hoje que 23 diplomatas da Rússia terão de deixar o país em duas semanas. Todos os contatos de alto nível entre os dois países estão suspensos.

É uma retaliação a um ataque químico contra o ex-agente duplo russo Serguei Skripol, encontrado inconsciente junto com a filha numa praça em Salisbury, na Inglaterra, em 4 de março. Ambos continuam hospitalizados em estado grave.

A Rússia nega qualquer participação no ataque. Sua embaixada em Londres considerou a medida "inaceitável, injustificável e míope".

Para a primeira-ministra britânica, Theresa May, não há dúvidas. Além da expulsão de 23 diplomatas considerados espiões, ela ameaçou congelar bens e ativos do governo russo no Reino Unido. As autoridades britânicas não irão à Rússia durante a Copa do Mundo.

May dera prazo até a meia-noite de ontem pelo horário britânico para a Rússia explicar o uso de um agente nervoso, uma arma química proibida.

"Sua resposta demonstra o total desdém pela gravidade dos fatos", declarou a primeira-ministra à Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. "Trataram o uso de um agente nervoso de grau militar na Europa com sarcasmo, desprezo e desafio. Isso representa um uso ilegal da força pelo Estado russo contra o Reino Unido."

Skripal era um agente duplo. Entregou os nomes de vários espiões russos aos serviços secretos ocidentais. Preso em 2006, foi libertado em 2010 numa troca de espiões e foi morar no Reino Unido, onde deveria estar sob a proteção do serviço secreto britânico.

O caso está sendo comparado ao assassinato de outro ex-espião russo. Alexander Litvinenko definhou diante das câmeras durante três semanas até morrer depois de ser envenenado em 1º de novembro de 2006 por dois ex-colegas num hotel de Londres.

A Rússia negou a extradição dos dois acusados. Um deles, Andrei Lugovoi, é deputado da Duma do Estado, a câmara baixa do Parlamento russo. Cometou o discurso da primeira-ministra britânica ao vivo na televisão estatal.

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