Na maior expulsão de espiões do país desde o fim da Guerra Fria, o Reino Unido anunciou hoje que 23 diplomatas da Rússia terão de deixar o país em duas semanas. Todos os contatos de alto nível entre os dois países estão suspensos.
É uma retaliação a um ataque químico contra o ex-agente duplo russo Serguei Skripol, encontrado inconsciente junto com a filha numa praça em Salisbury, na Inglaterra, em 4 de março. Ambos continuam hospitalizados em estado grave.
A Rússia nega qualquer participação no ataque. Sua embaixada em Londres considerou a medida "inaceitável, injustificável e míope".
Para a primeira-ministra britânica, Theresa May, não há dúvidas. Além da expulsão de 23 diplomatas considerados espiões, ela ameaçou congelar bens e ativos do governo russo no Reino Unido. As autoridades britânicas não irão à Rússia durante a Copa do Mundo.
May dera prazo até a meia-noite de ontem pelo horário britânico para a Rússia explicar o uso de um agente nervoso, uma arma química proibida.
"Sua resposta demonstra o total desdém pela gravidade dos fatos", declarou a primeira-ministra à Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. "Trataram o uso de um agente nervoso de grau militar na Europa com sarcasmo, desprezo e desafio. Isso representa um uso ilegal da força pelo Estado russo contra o Reino Unido."
Skripal era um agente duplo. Entregou os nomes de vários espiões russos aos serviços secretos ocidentais. Preso em 2006, foi libertado em 2010 numa troca de espiões e foi morar no Reino Unido, onde deveria estar sob a proteção do serviço secreto britânico.
O caso está sendo comparado ao assassinato de outro ex-espião russo. Alexander Litvinenko definhou diante das câmeras durante três semanas até morrer depois de ser envenenado em 1º de novembro de 2006 por dois ex-colegas num hotel de Londres.
A Rússia negou a extradição dos dois acusados. Um deles, Andrei Lugovoi, é deputado da Duma do Estado, a câmara baixa do Parlamento russo. Cometou o discurso da primeira-ministra britânica ao vivo na televisão estatal.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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