A Arábia Saudita formou uma coalizão de 34 países sunitas para combater o terrorismo no Oriente Médio e no Norte da África, noticiou ontem a televisão saudita Al Arabiya, citando como fonte o segundo príncipe herdeiro e ministro da Defesa, Mohamed ben Salman al-Saud. O objetivo é lutar contra extremistas no Afeganistão, no Egito, no Iraque, na Líbia e na Síria.
Desde 25 de março de 2015, a Arábia Saudita intervém militarmente junto com outros nove países de maioria sunita na guerra civil do Iêmen em apoio ao governo deposto contra os rebeldes hutis apoiados pelo Irã. A intervenção gerou um impasse.
Entre os países da nova aliança, estão o Egito, o Catar, os Emirados Árabes Unidos, a Turquia, o Paquistão e a Malásia. Num Oriente Médio mais instável com o recuo dos Estados Unidos e uma disputa de poder entre os candidatos a potências regionais - Arábia Saudita, Egito, Irã, Israel e Turquia -, há o temor de que os sauditas aproveitem a aliança para avançar seus próprios interesses.
Hoje há conflitos entre sunitas e xiitas com interferência da Arábia Saudita e do Irã no Bahrein, no Iêmen, no Iraque, no Líbano e na Síria. Trazem o risco de uma conflagração geral no Oriente Médio.
A República Islâmica do Irã é vista como inimigos pela Arábia Saudita e seus aliados no Conselho de Cooperação do Golfo como o Catar, os Emirados Árabes Unidos e o Kuwait. Mas o Estado Islâmico do Iraque e do Levante é considerado a maior ameaça às monarquias petroleiras do Golfo Pérsico desde que o Iraque de Saddam Hussein invadiu o Kuwait em 2 de agosto de 1990.
Outra questão central no combate ao terrorismo é a luta ideológica. Grupos como Al Caeda e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante são salafistas, uma corrente do islamismo próxima do wahabismo, a religião oficial saudita.
Sem um programa educacional que enfrente o radicalismo e ensine aos estudantes nas escolas dos países muçulmanos que o Islã é uma religião de paz, a sedução mortal do terrorismo vai continuar assombrando o Oriente Médio e o mundo, e conquistando corações e mentes de jovens em busca de aventura. Este seria o passo mais importante para os sauditas na luta contra o terrorismo, deslegitimar o extremismo muçulmano.
Se até o direito de mulheres votarem e serem votadas foi aprovado e exercitado no último fim de semana pela ultraconservadora sociedade saudita, desafiar os clérigos radicais é outra etapa incontornável para sair da era medieval e entrar no mundo moderno.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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