No fim de duas semanas de negociações, os representantes de 195 países acabam de aprovar por aclamação em Paris o primeiro acordo universal para combater o aquecimento global. O objetivo é manter o aumento da temperatura média do planeta "bem abaixo" de dois graus centígrados em comparação com a era pré-industrial e fazer esforços para limitar a alta em 1,5ºC.
Mais de 180 países apresentaram metas voluntárias de controle das emissões de gás carbônico, o principal vilão do agravamento do efeito estufa. De cinco em cinco anos, esses compromissos serão avaliados.
A partir de 2020, os países desenvolvidos se comprometem em dar uma ajuda anual de US$ 100 bilhões para financiar a transição dos países em desenvolvimento para uma economia com baixo consumo de carbono, com menor queima de combustíveis fósseis como carvão e petróleo.
A acordo de Paris é resultado de um longo processo de negociações que começou em 1992 na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), quando foi aprovada a Convenção da ONU sobre Mudança do Clima.
Desde 1995, ONU realiza conferência anuais sobre mudança do clima. Esta é a 21º CoP (Conferência das Partes da Convenção do Clima). Em 1997, foi aprovado o Protocolo de Quioto, o primeiro tratado internacional para conter as emissões de gases de efeito estufa, mas só se aplicava aos países industrializados.
Além de não dar resultado, o Protocolo de Quioto expirou em 2012. Neste período, o extraordinário desenvolvimento industrial da China tornou este país o maior emissor de gases poluentes. Era necessário então um acordo que englobasse todos os países.
Como líder de um bloco de 136 países em desenvolvimento, a China insistiu na questão da "responsabilidade comum, mas diferenciada", já que os países de industrialização recente não podem ser acusados pelo aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera.
Outra questão delicada é o financiamento da ações contra o aquecimento global. Esse compromisso dos países ricos de dar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para financiar o combate à mudança do clima vem da CoP-15, realizada em 2009 em Copenhague, na Dinamarca. Foi reafirmado em Paris.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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