Para o Brasil e a maioria dos países da Europa, um crescimento anual de 1,4% seria uma festa. A Irlanda cresceu isso só no terceiro trimestre de 2015. Em 12 meses, o avanço foi de 7%. Seu produto interno bruto já ultrapassou o pico de 2007, anterior à crise financeira internacional.
Antes da Grande Recessão (2008-9), a Irlanda era chamada de tigre europeu em comparação com os chamados tigres asiáticos (Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan). Essas economias alcançaram taxas médias anuais de crescimento econômico de 7% dos anos 1960s aos 1990s. Foram abaladas pela crise da Ásia de 1997-98, mas se recuperaram.
Com carga fiscal mais baixa que os sócios europeus, a Irlanda aproveitou a língua inglesa e outros estímulos para se tornar a sede de várias empresas transnacionais americanas no mercado comum europeu. Em 2007, sua renda per capita superava as da Alemanha e do Reino Unido.
Uma das consequências negativas do sucesso foi uma especulação imobiliária, estimulada pelo aumento da imigração, especialmente de jovens ligados no mercado de alta tecnologia, e pelos impostos baixos que levaram vários cidadãos europeus a ter domicílio fiscal na Irlanda.
Quando a bolha estourou, todo o sistema financeiro irlandês quebrou. Para evitar a total desnacionalização do setor, o governo assumiu a dívida dos bancos, elevando o déficit do setor público para 32% do PIB.
Durante a crise das dívidas públicas dos países da periferia da Zona do Euro deflagrada pelo colapso das contas públicas da Grécia, no fim de 2009, o governo da Irlanda assumiu uma dívida bancária de 100 bilhões de euros.
Em 21 de novembro de 2010, o então primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, pediu ajuda aos sócios da Eurozona e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e pouco depois recebeu empréstimos no valor de 67,5 bilhões de euros.
A dívida pública da Irlanda chegou ao pico de 123% do PIB em 2013, mas caiu para 97%. Três anos depois do resgate, a Irlanda abandonou o programa de ajuste fiscal. Pelo quinto ano seguido, vai bater as metas oficiais de déficit orçamentário.
Com desemprego de 8,9% e a dívida pessoal e familiar equivalente a 1,8 vez a renda disponível, o tigre europeu ainda têm pontos vulneráveis. Mas deve ser o país que mais crescerá na Europa nos próximos anos com grande vantagem sobre os outros.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Tigre econômico europeu está de volta
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Um comentário:
Mais um para essa gangorra econômica. o Japão depois de tantos altos e baixos terminará com crescimento, os EUA desde o início do ano nessa subida de juros. Falta os comentários sobre o Brasil, o mais movimentado com impeachment, rebaixamento, escandalos, recessão e depressão.
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