O Banco Central Europeu (BCE) parou hoje de aceitar títulos da dívida pública grega como garantia de empréstimos, e os ministros das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, e da Grécia, Yanis Varoufakis, não chegaram a um acordo em Berlim para renegociá-la.
"Temos de respeitar os eleitores gregos, mas temos de respeitar também os eleitores dos outros países europeus", argumentou o ministro alemão.
Em consequência, a Bolsa de Atenas caiu 9% por temor de que o novo governo esquerdista grego não chegue a um acordo com os outros países-membros da União Europeia e seja obrigado a deixar a Zona do Euro.
Os bancos gregos ainda podem pedir socorro ao Banco Central da Grécia e ter acesso ao fundo de liquidez de emergência criado pela UE depois da crise das dívidas públicas dos países da periferia da Eurozona, mas o BCE, que revisa a situação a cada duas semanas, pode cortar o financiamento.
Apesar da ajuda de 240 bilhões euros concedida em dois pacotes pelo UE, o BCE e o Fundo Monetário Internacional (FMI), a chamada troika, de que a Grécia quer se livrar, a dívida pública grega subiu de 120% do produto interno bruto em 2009 para 175% hoje, em parte porque o PIB caiu 25% nos últimos seis anos.
Desde a vitória da Coligação de Esquerda Radical (Syriza) nas eleições parlamentares da Grécia, o novo ministro das Finanças propôs a troca dos títulos da dívida grega por bônus de prazo mais longos atrelados ao crescimento econômico do país. Quanto mais crescer, mais paga.
A Alemanha não quer abrir um precedente que considera perigoso, ceder diante de governos radicais. Na prática, tem duas alternativas: deixar os países saírem da Eurozona ou renegociar as dívidas.
No final do encontro, Schäuble declarou: "Concordamos em discordar", admitindo que as propostas da Syriza vão contra a orientação dada pela Alemanha desde o início da crise. Varoufakis afirmou que "não concordamos em nada" e pediu um prazo de três meses para discutir um plano de longo prazo para recuperar a Grécia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Alemanha endurece renegociação com a Grécia
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