Hoje, pela primeira vez, o diretor da Agência Iraniana de Energia Atômica, Ali Akbar Salehi, e o secretário (ministro) da Energia dos Estados Unidos, Ernest Moniz, entraram nas negociações entre o Irã, as cinco potências com poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) e a Alemanha. O objetivo é desarmar o programa nuclear iraniano para evitar que o país faça armas atômicas.
Isso indica que as negociações entraram numa fase de acertar detalhes técnicos dos limites impostos ao programa nuclear que sejam aceitáveis pelo Irã. A república islâmica insiste no direito de usar energia nuclear para fins pacíficos. O prazo final é 30 de junho de 2015, mas a expectativa é que as linhas gerais do acordo estejam definidas até 31 de março.
A princípio, os EUA exigiam que o Irã parasse de enriquecer urânio e abrisse todas as suas instalações nucleares para inspeções irrestritas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Como Teerã insiste no direito de enriquecer urânio a baixos teores, usados em usinas nucleares para produção de energia, um dos pontos centrais da discussão é quantas centrífugas o Irã poderá ter.
Israel considera inaceitável, por exemplo, que o Irã mantenha 6,5 mil centrífugas. Na visão israelense, isso permitiria ao regime dos aiatolás fabricar a bomba atômica em menos de um ano.
As negociações com o Irã, iniciadas em 2012, provocaram a maior crise entre Israel e os EUA desde que o presidente George Bush sr. negou garantias de crédito de US$ 10 bilhões para forçar o governo Yitzhak Shamir a participar do processo de paz no Oriente Médio, em 1991, ou melhor, entre os governos Barack Obama e Benjamin Netanyahu, como observou o colunista David Ignatz no jornal The Washington Post.
A convite do presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o deputado oposicionista John Boehner, o primeiro-ministro linha-dura de Israel discursa em 3 de março de 2015 no Congresso para defende sua posição contra as concessões oferecidas ao Irã, que considera perigosas para a segurança nacional israelense. É uma manobra arriscada que coloca Israel no fogo cruzado da política interna americana com impacto sobre as eleições parlamentares israelenses de 17 de março.
Além de Israel, os principais aliados árabes dos EUA, a Arábia Saudita e o Egito, e também os Emirados Árabes Unidos e o Catar, manifestaram sua preocupação com o risco de que o acordo não impeça o Irã de fazer a bomba atômica, revelou hoje o jornal The Wall St. Journal.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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