segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Força Aérea do Egito bombardeia Estado Islâmico na Líbia

Em retaliação pelo massacre de 21 cristãos egípcios do povo copta degolados numa praia da Líbia, divulgado ontem na Internet, a Força Aérea do Egito bombardeou hoje posições da milícia extremista Estado Islâmico na cidade de Darná, naquele país, noticiou o jornal francês Le Monde.

A operação visou acampamentos, centros de treinamento e arsenais do grupo perto da fronteira do Egito para "vingar o banho de sangue e punir os assassinos. Os egípcios precisam saber que têm um escudo para defendê-los", disseram porta-vozes militares.

Diante da notícia, o ditador Abdel Fattah al-Sissi decretou luto nacional por sete dias e convocou o Conselho de Segurança Nacional para dar uma resposta. É a primeira vez que o Egito reconhece publicamente um ataque na Líbia. No ano passado, o país e os Emirados Árabes Unidos foram acusados de atacar milícias jihadistas líbias, mas negaram tudo.

Depois de proclamar a fundação de um califado, em junho de 2014, nos territórios que ocupa na Síria e no Iraque, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante passou a se autodenominar apenas Estado Islâmico. Isso implica uma reivindicação sobre o mundo inteiro.

Desde então, agiu fora de sua base territorial, no Afeganistão, na Líbia, na Jordânia e no Líbano, num sinal claro de expansão dos horizontes. Sua presença na Líbia aumentou sensivelmente nos últimos seis meses.

Em novembro, o Estado Islâmico tomou a cidade de Darná, perto da fronteira com o Egito. A partir daí, tentou ampliar sua área de atuação para Bengázi, a segunda maior cidade líbia; Sirte, a terra natal do finado ditador Muamar Kadafi; e a capital, Trípoli. Em 27 de janeiro de 2015, atacou o Hotel Corinthia, o mais importante da capital líbia.

Na análise da empresa de estudos estratégicos Stratfor, a presença do Estado Islâmico é menor na Líbia do que na Síria e no Iraque, onde está enfrentando uma aliança internacional liderada pelos Estados Unidos.

Seu fortalecimento se deu às custas de outros grupos jihadistas como Ansar al-Charia, responsável pelo ataque contra o Consulado dos EUA em Bengázi em 11 de setembro de 2012, quando quatro americanos foram mortos, inclusive o embaixador na Líbia. Até a degola dos 21 cristãos egípcios, não havia atraído muita atenção internacional.

Assim, apesar do apelo do primeiro-ministro Abdala al-Thani por uma intervenção militar no país, é provável que países vizinhos como o Egito e os Emirados Árabes Unidos combatam o Estado Islâmico na Líbia. Os EUA podem fazer bombardeios aéreos e de mísseis.

O Egito tem as maiores e mais poderosas Forças Armadas do mundo árabe, mas a crise política e econômica permanente desde a chamada Primavera Árabe, de 2011, limita sua capacidade de intervenção. Uma longa campanha no exterior exigiria financiamento externo. Talvez as monarquias petroleiras do Golfo Pérsico se disponham a colaborar.

Além disso, a ditadura do marechal Al-Sissi enfrenta uma rebelião na Península do Sinai que exige um reforço militar na região, que fica entre o Canal de Suez e Israel e a Faixa de Gaza. É mais provável que limite sua intervenção na Líbia a bombardeios aéreos, dependendo, é claro, da ferocidade dos jihadistas, que sequestraram mais 35 egípcios.

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