Um mês depois da morte do promotor Alberto Nisman, que denunciou a presidente Cristina Kirchner por acobertar terroristas, sua ex-mulher, as duas filhas do casal e milhares de pessoas participam neste momento de uma passeata para exigir justiça. Sob forte chuva, a multidão estimada pela polícia em 400 mil pessoas saiu do Congresso rumo à Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada, sede do governo da Argentina. Houve manifestações em outras cidades, como Córdoba e Rosário.
Sua ex-mulher, Sandra Arroyo Salgado, as filhas do casal e os promotores Ricardo Sáenz, Raúl Pleé, Guillermo Marijuan, Carlos Stornelli, Geraldo Modes, José María Campagnoli e Julio Piumato lideraram a Marcha do Silêncio, noticia o jornal conservador La Nación.
Nisman foi encontrado morto em seu apartamento no domingo, 18 de janeiro de 2015, horas antes de depor na Comissão de Legislação Penal da Câmara dos Deputados, onde apresentaria as conclusões e provas do inquérito em que denunciou a presidente; o ministro do Exterior, Héctor Timerman; o líder da ala jovem do kirchnerismo, La Cámpora, Andrés Larroque; o líder do movimento social dos piqueteiros, Luis D'Elía; e o líder do grupo ultraesquerdista Quebracho, Fernando Estreche.
Eles são acusados de negociar um acordo com o Irã para inocentar os iranianos denunciados pelo atentado terrorista que matou 85 pessoas e feriu outras 300 na Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em18 de julho de 1994, o pior da história da América Latina.
Desde o início, o governo, apesar de suspeito, intervém diretamente nas investigações. A promotora encarregada do caso, Viviana Fein, vai intimar o ministro da Segurança Pública, Sergio Berni. Quer saber o que ele foi fazer no apartamento do promotor logo após a descoberta de sua morte.
No primeiro momento, Cristina Kirchner sugeriu tratar-se de um suicídio. Quatro dias depois, mudou sua versão para assassinato, que teria sido cometido por agentes renegados do serviço secreto argentino. Sem esperar a conclusão do inquérito, a presidente dissolveu a Secretaria de Inteligência do Estado (Side).
O senador governista Salvador Cabral provocou revolta ao afirmar no Congresso que foi um crime passional, "produto de um amor homossexual em que o marido é o magrinho - Diego Lagomarsino -, que levou a pistola, encontrou o morto numa situação amorosa e lhe deu um tiro na cabeça amorosamente", informou o jornal argentino Clarín.
Para o senador, Nisman "é um cadáver da máfia dos serviços de informações que trabalham contra o governo e atirou contra o governo para provocar um desgaste abrupto, acreditando que com isso iria produzir uma crise política profunda, o que não aconteceu", pelo menos na sua visão. O promotor que substituiu Nisman, Gerardo Pollicita, reiterou a denúncia contra a presidente e seus assessores.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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