Um dia antes de falar na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fez diversas aparições midiáticas em Nova Iorque. Na Universidade de Colúmbia, foi apresentado pelo reitor como um "ditadorzinho cruel". Isso provocou uma reação imediata de Ahmadinejad, que aquela não era a maneira de tratar um convidado.
O presidente iraniano voltou a afirmar que o país não precisa de armas nucleares. Ele disse não haver homossexuais no Irã: "Não temos esse fenômeno como no Ocidente". A platéia riu e vaiou.
Ahmadinejad falou para os dois públicos que lhe são mais caros: o povo iraniano e os muçulmanos de todo o mundo. Ao fazer as perguntas e colocações mais duras o reitor estava querendo deixar claro que sua universidade não estava fazendo concessões ao representante de uma ditadura extremamente repressiva.
Essa postura radical pode ter, entre os muçulmanos, o efeito contrário. Às vezes, Ahmadinejad pareceu acuado e assustado com a franqueza da platéria americana. No mundo muçulmano, pode parecer prepotência e arrogância - e é.
Por sua vez, o presidente é uma figura menor, decorativa, do regime dos aiatolás. O poder real está nas mãos do Supremo Líder Espiritual da Revolução Iraniana, aiatolá Ali Khamenei, herdeiro do aiatolá Ruhollah Khomeini. Já aproveitou as tribunas que o cargo lhe oferece para negar o Holocausto e defender a destruição de Israel.
Hoje, admitiu que o Holocausto realmente ocorreu e alegou que o povo palestino não pode pagar por um massacre acontecido na Europa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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