Em artigo recente para a revista Foreign Affairs, o ex-prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani, um dos principais aspirantes à candidatura do Partido Republicano na eleição presidencial de 2008 nos Estados Unidos, defendeu a estratégia do governo George W. Bush na guerra contra o terrorismo: "Respondemos vigorosamente à guerra dos terroristas contra nós, abandonando uma estratégia de reação defensiva contraproducente de uma década em troca de uma ofensiva vigorosa."
O que ele está dizendo é que o governo Bill Clinton (1993-2001) foi complacente no combate ao terrorismo depois do primeiro ataque ao World Trade Center, em 1993; ao atentado contra as Torres Khobar, na Arábia Saudita, 1996; aos ataques contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998; e contra o destróier USS Cole em 2000.
No seu discurso, os candidatos democratas, a começar pela senadora e ex-primeira dama Hillary Clinton, seriam igualmente fracos e complacentes diante do terrorismo dos fundamentalistas muçulmanos, não percebendo as dimensões do risco. Mas o jornal The Washington Post afirma que as declarações feitas na época eram muito diferentes de suas posições atuais, expressas no artigo Rumo a uma Paz Realista, que apresenta sua política externa e defende o fortalecimento do sistema internacional, que nunca foi caro aos republicanos e conservadores.
Giuliani chegou a instalar seu centro de comando e controle de emergências no World Trade Center, contra a orientação de diversos assessores da Prefeitura. Só depois de 11 de setembro leu seu primeiro livro sobre a rede terrorista Al Caeda, responsável pela destruição das Torres Gêmeas. Os bombeiros e policiais queixam-se que seus colegas mortos em 11 de setembro de 2001 usavam os mesmos equipamentos de comunicações de 1993.
É fácil numa campanha eleitoral reescrever a história e distorcer o passado, e o pior é que pode dar certo.
Confira no Washington Post.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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