O preço do barril de petróleo bateu novo recorde hoje, sendo negociado a US$ 83,20 na Bolsa Mercantil de Nova Iorque.
A explicação é que 27,7% da produção do Golfo do México está parada por causa da temporada de furacões no Mar do Caribe. São cerca de 630 mil barris diários a menos, relativamente pouco para um consumo global de cerca de 85 milhões de barris por dia. Mas a diferença entre oferta e demanda está muito apertada, em menos de 2 milhões de barris diários.
Assim, uma queda na produção de 630 mil barris/dia pesa na balança.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Boa noite mestre.
Sou estudante de publicidade e propaganda e despertei para o real sentido da internet: a troca de informação (no meu ponto de vista).
Fiquei curioso em relação a matéria apresentada.
Gostaria de tirar algumas dúvidas.
Essa falta de produção milionária e diária é reposta por quem? Ou não existe a capacidade de usar os estoques dos EUA? Ou seja, como eu posso começar a entender esse ciclo que poderá implicar, no longo prazo, muitas conseqüências catastróficas?
Abraços.
Pedro Soares.
A queda não é milionária, neste caso são 630 mil barris diários, menos de um terço do consumo do Brasil. Os EUA só usam seu estoque estratégico em emergências, o preço se forma no mercado. Quem poder sobre ele são os países exportadores reunidos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
Quanto ao colapso da economia do petróleo, estima-se que o pico de consumo seja por volta de 2015. Mas a idéia é que até 2025 hajam outras alternativas energéticas, inclusive por causa do aquecimento global.
Ao pesquisar dados recentes para escrever o texto, encontrei um site lifeaftertheoilcrash, o admirável mundo novo sem petróleo. Aldous Huxley atribuía a angústia e a culpa da civilização ocidental a Jesus Cristo, René Descartes e Henry Ford.
Mas o xeque Ahmed Yamani, que foi o todo-poderoso ministro do Petróleo da Arábia Saudita, diz: como a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, a Era do Petróleo vai acabar e ainda restará muito petróleo no mundo para fins mais nobres, como a indústria petroquímica, e não para ser queimado.
Uma elevação muito grande de preços torna viável a exploração de áreas antes inexploradas. Antes da crise do petróleo de 1973, o Brasil não explorava a plataforma continental. O barril de petróleo custava US$ 3. Logo, pulou para US$ 12.
Um amigo meu da Petrobrás me disse que, abaixo de US$ 11/barril, só é viável o petróleo do Oriente Médio, que está a 150 metros de profundidade, em terra.
Depois da crise da Ásia de 1997, em 1998, o preço caiu para US$ 10. Ajudou a quebrar a Rússia e a eleger Chávez pela primeira vez. A moratória russa foi decisiva para a desvalorização do real, em janeiro de 1999.
Assim funciona o mundo globalizado. Com o barril acima de US$ 80, aumentam as oportunidades para a exploração de novas áreas. Quando o barril estava a US$ 10, a meta da British Petroleum era reduzir seu custo para US$ 1.
O preço estava em torno de US$ 30 quando Bush invadiu o Iraque e dobrou para US$ 60. Outros fatores influenciaram, como as guerras no Líbano e na Palestina, a revolta na região produtora na Nigéria, os furacões no Mar do Caribe e no Golfo do México, a posição antiamericana de Chávez e do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ambos membros influentes da OPEP, e o extraordinário crescimento da China.
Primeiro, há um retorno do nacionalismo energético, da Rússia à Venezuela e à Bolívia. É o Estado que controla os recursos naturais estratégicos e usa-os para maximizar seu poder.
Segundo, há um forte e consistente aumento da demanda provocado pelo crescimento da Ásia, sobretudo da China e da Índia, que vieram para ficar e estão incorporando centenas de milhões de pessoas à sociedade de consumo.
É mesmo um admirável mundo novo.
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