Apesar da truculência da ditadura militar que desgoverna Mianmar desde 1962, as companhias de petróleo formam fila para entrar no país e explorar seus recursos energéticos, como gás natural e petróleo.
No domingo passado, os protestos já tinha mais de um mês. Começaram quando o regime cortou subsídios ao consumo de combustíveis, aumentando o preço do gás natural em 500% e o de outros produtos, como óleo de cozinha, em 35%. Isso não impediu que o ministro do Petróleo da Índia, Murli Deora, fosse a Mianmar assinar contratos de exploração de gás natural e petróleo.
A assinatura dos acordos no momento em que os monges budistas saíam às ruas para lutar pela democracia mostra a importância das reservas birmanesas de gás natural e petróleo num mundo em crescimento cada vez mais sedento de energia.
O maior parceiro da ditadura birmanesa é a ditadura militar chinesa, sempre temerosa de que um solavanco no crescimento econômico ameace seu controle sobre o país.
Assim, diversas empresas da Ásia e da Europa fazem fila para entrar na antiga Birmânia. As empresas Total, da França, e Petronas, da Malásia, exportam gás através de um gasoduto que segue pela costa do país até a Tailândia. Por ali, passam 90 das exportações de gás birmanesas.
As reservas comprovadas de gás natural de Mianmar eram de 19 trilhões de metros cúbicos no final de 2006, as terceiras maiores do mundo. É apenas 0,3% das reservas mundiais. Com o contrato de exportação via Tailândia, o país tem uma renda garantida de US$ 2 bilhões anuais pelos próximos 40 anos.
Isto mostra o potencial de Mianmar", observa Kang Wu, professor convidado do Centro Leste-Oeste da Universidade do Havaí.
Ao todo, nove companhias de petróleo estrangeiras exploram petróleo em 16 áreas em terra, inclusive na recuperação de antigos campos de produção desativados. No mar, há nove companhias, inclusive Total, Petronas, PTTEP, a sul-coreana Daewoo e as estatais chinesas China National Offshore Oil Corporation e China Petroleum & Chemical Corporation, explorando 29 blocos.
Apesar das sanções dos Estados Unidos e da União Européia, a Total continua operando o campo de Yadana e a Chevron tem uma participação de 28% desde que comprou a Unocal. Os investimentos preexistentes não estão sujeitos a sanções.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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