sábado, 22 de setembro de 2007

Chile extradita Fujimori para o Peru

Numa decisão histórica e sem precedentes, o Supremo Tribunal de Justiça do Chile decidiu extraditar para o Peru o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que abandonou o cargo durante uma visita ao Japão e só agora volta ao país. Ele é acusado de sete crimes, um de violação dos direitos pela matança de 25 pessoas em Barrios Altos e La Cantuta, e outros seis escândalos de corrupção, inclusive compra de votos e apoio de deputados.

Assim que souberam da decisão os presidentes Alan García, do Peru, e Michelle Bachelet, do Chile, se reuniram com seus ministros para providenciar a ida imediata de Fujimori para o Peru.

Fujimori chegou de surpresa ao Chile em novembro de 2005, com a intenção velada de se candidatar à Presidência do Peru na eleição de 2006. Deve ficar na mesma prisão naval em Callao, o porto de Lima, onde estão o homem-forte e chefe do serviço secreto de seu governo, Vladimiro Montesinos, e líderes guerrilheiros presos naquela época, como Victor Polay Campos, do Movimento Revolucionário Tupac Amarú (MRTA), e Abimael Guzmán, o Presidente Gonzalo, do Sendero Luminoso.

Em 1991, um comando de elite do Grupo Colina invadiu uma festa em Barrios Altos e matou 15 pessoas. Em 1992, comandos do mesmo grupo seqüestraram e mataram nove professores e um estudante da Universidad de La Cantuta.

O governo Fujimori controlou a hiperinflação e derrotou o Sendero e o MRTA. Fez isso a ferro e fogo, atropelando os direitos humanos. Quando guerrilheiros tomaram a embaixada do Japão no Peru, seqüestrando 300 diplomatas, empresários e políticos numa festa de final de ano, em dezembro de 1996, as forças de segurança peruanas mataram todos os 14 rebeldes.

Só um refém foi morto, o que sugere uma luta desigual com execução sumária dos guerrilheiros. Fujimori declarou que eles haviam "resistido à prisão". Esse era seu estilo de governar, autoritário e implacável.

Em 1992, Fujimori deu um golpe fechando o Congresso e o Supremo Tribunal do Peru. Depois convocou eleições parlamentares para criar uma bancada para seu movimento Cambio 90. Populista, sempre tentou governar além e acima dos partidos.

Era um estranho na política quando partiu de trás nas pesquisas para derrotar, no segundo turno, o escritor Mario Vargas Llosa, um dos peruanos mais ilustres. Com sua comunicação direta com as massas, tentava escapar das negociações e barganhas políticas da oligarquia peruana.

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