O Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), que realiza sua 33ª reunião de cúpula de 6 a 8 de junho em Heiligendamm, na Alemanha, sob fortes protestos de grupos antiglobalização, surgiu em 1975, por iniciativa do presidente francês Valéry Giscard d'Estaing. O Canadá entrou em 1976. Virou G-8 com a entrada da Rússia, oficializada em 1997. Juntos, os países do G-8 têm 14% da população mundial e dois terços da produção anual. Mas no mundo de hoje, um clube de grandes potências não pode excluir a China, a Índia e o Brasil. Eles estarão lá, no chamado G-8+5.
Diante da crise do petróleo depois do embargo árabe de 1973, o mundo vivia sob a ameaça de uma recessão. O G-7 era uma tentativa de coordenar, ou pelo menos discutir, as políticas macroeconômicas das sete maiores potências industriais capitalistas para evitar crises cambiais, depois que o presidente dos Estados Unidos Richard Nixon acabou com o padrão-dólar (cotação fixa do dólar em relação ao ouro), que era base do regime cambial do Sistema de Bretton Woods, da ordem econômica mundial do pós-guerra.
Ao financiar a Guerra do Vietnã sem aumentar impostos, os EUA tinham acumulado déficits. Nixon precisava promover
uma desvalorização competitiva da moeda americana e deixá-la flutuar livremente.
Mas o G7 sempre foi mais um fórum de diálogo, já que as grandes potências costumam perseguir seus interesses nacionais.
Os EUA aumentaram os juros sob Paul Volcker (no Fed) para conter a inflação provocada pela crise do petróleo, provocando crises cambiais no Terceiro Mundo. Reagan não cortou o déficit americano como o Fundo Monetário Internacional exigia que a América Latina fizesse, nos anos 80.
O Japão não abriu mais seu mercado quando tinha saldos comerciais formidáveis, na mesma década. Nem a França abriu mão do protecionismo agrícola ou a Alemanha de suas políticas de integração da Alemanha Oriental, onde já gastou US$ 2 trilhões até hoje, abalando o Sistema Monetário Europeu durante a preparação para adotar o euro, nos anos 90.
A União Soviética entrou como observadora na era Gorbachev (1985-91). A Rússia herdou a vaga mais por causa do status de
superpotência nuclear. Como economia, é muito menor do que a China e mesmo o Brasil.
Na realidade, não dá mais para administrar o mundo sob esta forma de um condomínio de grandes potências (o Conselho de Segurança da ONU nada mais é do que isso) sem incluir a China, a Índia, o Brasil e, para não deixar a África de fora, a África do Sul. Se a reforma das Nações Unidas e de seu Conselho de Segurança exige a formação de um consenso internacional hoje inexistente, é fácil ampliar um fórum informal como o G-8.
O acordo que vai suceder o Protocolo de Quioto a partir de 2012 é um exemplo. Com o aquecimento global como questão prioritária da agenda internacional, será preciso um entendimento entre as grandes potências.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 3 de junho de 2007
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