O diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, o espanhol Rodrigo Rato, anunciou ontem inesperadamente que deixa o cargo no final de outubro, depois da reunião anual do FMI e do Banco Mundial.
Rato alegou razões pessoais. Comenta-se que poderia retomar sua carreira política na Espanha, onde foi ministro das Finanças do governo conservador de José María Aznar, o que foi negado por sua assessoria.
Sua sucessão deve provocar uma forte disputa. Tradicionalmente, desde sua fundação, o Fundo é dirigido por um europeu e o Banco Mundial por um americano. Mas os outros países-membros destas instituições, alguns dele, especialmente os asiáticos, cada vez mais importantes economicamente querem ter uma voz mais forte.
Desde a crise asiática, que faz 10 anos na próxima segunda-feira, há no ar proposta de criação de um Fundo Monetário da Ásia para fugir das políticas de ajuste estrutural monetaristas e ortodoxas impostas pelo FMI a quem necessita de seus empréstimos. Com o bom momento da economia mundial, há menos países em crise.
O Brasil, por exemplo, quitou sua dívida e enviou como representante de um grupo de países latino-americanos o economista Paulo Nogueira Batista Jr., um adversário da ortodoxia liberal, na tentativa de influir na inevitável reforma da instituição.
Na primeira vez em que entrevistei o ministro Pedro Malan, em 1995, em Londres, como correspondente do Jornal do Brasil, perguntei-lhe qual era a proposta brasileira para a reforma da arquitetura das instituições econômicas internacionais. Ele ficou surpreso: "Mas o Sr. quer uma manchete para o seu jornal".
Não queria: estava estudando relações internacionais na London School of Economics e resolvi colocar uma questão mais ampla sobre o sistema internacional criado pela Conferência de Bretton Woods (1944), que lançou as bases da ordem econômica mundial pós-Segunda Guerra Mundial.
Malan ficou na defensiva. Nunca dizia nada que o mercado pudesse interpretar como um sinal de fraqueza, de que o Brasil precisasse recorrer ao Fundo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Diretor-geral do FMI renuncia
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Um comentário:
Leio sim, viu?
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