Um novo partido surge da fusão das forças políticas socialistas no Leste e no Oeste da Alemanha. Já nasce sob críticas dos partidos da direita à centro-esquerda, que o acusam de ser antiliberal e anticapitalista. O objetivo central do novo partido é garantir a igualdade de oportunidades em todo o país.
A Esquerda é o resultado da união do Partido de Esquerda, da antiga Alemanha Oriental, e da Alternativa Eleitoral Trabalho e Justiça Social (Wasg), do lado ocidental. Essa fusão histórica foi sacramentada hoje em Berlim, depois de dois anos de preparação.
Cerca de 800 delegados aprovaram a fusão. O novo partido terá 72 mil filiados e dois presidentes, Oskar Lafontaine, ex-líder do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), e Lothar Bisky, representante do Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unificado da Alemanha Oriental (SED), que governou o Leste da Alemanha enquanto o país esteve dividido.
Na opinião do líder da bancada do partido no parlamento alemã, Gregor Gysi, esta é a primeira autêntica fusão alemã-alemã depois da reunificação do país, em 3 de outubro de 1990. Até agora, os alemães-orientais não teriam feito nada além de se adaptar às estruturas ocidentais.
"A constituição de um partido único de esquerda na Alemanha sela o processo de reunificação alemã do ponto de vista organizacional", entende Gysi.
Uma das metas da Esquerda é fortalecer a democracia direta. Para Lafontaine, a democracia está em crise: "Precisamos de novas formas de combate através das quais a população consiga impor sua vontade", declarou ele.
Lafontaine era ministro da Economista do chanceler (primeiro-ministro) Gerhard Schröder, com quem roupeu em 1999, em protesto contra as propostas liberalizantes de Schröder. Voltou em 2005, candidatando-se às eleições parlamentares pela nova aliança eleitoral entre forças de esquerda do Leste e do Oeste do país.
A Esquerda reivindica a herança do movimento sindcalista alemão. Seus ídolos são Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, que acreditavam que socialismo e democracia são inseparáveis. Ambos foram assassinados pela polícia alemã em 1919, depois de tentarem iniciar uma revolução.
Além de lutar para manter o modelo social-democrata alemão, a Esquerda cobra do governo federal mais empenho no combate à pobreza, uma economia sustentável ecologicamente sem exclusão social e a retirada dos soldados alemães do Afeganistão.
Para democratas-cristãos, social-democratas e liberais, tudo não passa de uma tentativa de ressuscitar o "cadáver socialista". Eles insistem em que a Esquerda é herdeira do partido que governou a Alemanha Oriental sob uma ditadura comunista.
"Os pós-comunistas não devem ter lugar na Alemanha", declarou o deputado democrata-cristão Ronald Pofalla. O presidente do Partido Liberal-Democrata (FDP), Guido Westerwelle, é "contra o reavivamento do cadáver socialista".
Mas o deputado social-democrata Frank-Walter Steinmeier, ministro da Defesa alemão, aconselhou seus correligionários a não subestimarem A Esquerda. No seu entendimento, o programa do novo partido levaria a Alemanha à pobreza e ao isolamento em relação ao resto do mundo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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