O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, declarou que não está interessado em entrar no "velho Mercosul", numa crítica aos que defendem a manutenção do bloco regional como está, sem o governo autoritário venezuelano, já que existe uma cláusula democrática, aplicada várias vezes para impedir golpes de Estado no Paraguai.
Irritado porque não recebeu apoio pelo fechamento do canal de televisão da Radio Caracas Televisión (RCTV) e foi criticado pelo Senado brasileiro, que aprovou moção pedindo que ele revisse sua decisão, Chávez decidiu não ir à reunião de cúpula do Mercosul no final do mês em Assunção, no Paraguai.
Na ocasião, Chávez acusou o Senado de ser "papagaio dos Estados Unidos", um insulto grave típico de um caudilho com pouco apreço pelas instituições democráticas.
Quarta-feira, disse que a Venezuela quer entrar no "novo Mercosul" mas, "se não há vontade de mudar, tampouco estamos interessados no velho Mercosul".
Chávez gostaria de transformar o bloco num instrumento de seu antiamericanismo inconseqüente, numa aliança política militar, sem maior preocupação com a integração econômica e o comércio exterior, objetivos prioritários do Tratado de Assunção.
A Venezuela é um país importante, terceira economia da América do Sul, com uma das maiores reservas mundiais de petróleo. Mas a entrada de Chávez não ajuda na institucionalização do bloco nem nas negociações internacionais. A União Européia já manifestou interesse em fazer uma "parceria estratégica". Isto significa que não acredita no sucesso das negociações bloco a bloco.
Chávez não soma; divide. Não é um democrata. A integração tem de ser nos seus termos ou ele não participa. Seria melhor que estivesse falando sério e deixasse o Mercosul. Admitir a Venezuela antes de negociar a adesão aos acordos e normas preexistentes foi um erro grave que espanta a Europa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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