O governo dos Estados Unidos tinha conhecimento oficial da tortura na prisão iraquiana de Abu Ghraib pelo menos desde janeiro de 2004, afirma reportagem investigativa de Seymour Hersh publicada hoje na revista The New Yorker. Mas, quando o escândalo veio a público, em maio do mesmo ano, com a divulgação de fotos da tortura, o então secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, declarou ao Congresso que estava surpreso: "Partiu nosso coração. O presidente não sabia. Vocês não sabiam. Eu não sabia".
A explicação é que a tortura foi praticada por oficiais renegados em casos isolados, e não era uma política governamental.
No final de fevereiro e início de março de 2004, o governo americano recebeu informações detalhadas sobre o abuso sistemático e a tortura de presos, garante o jornalista: "Eles receberam emails do campo de batalha denunciando as irregularidades", declarou Hersh ao programa Late Edition da rede de televisão CNN neste domingo. "Eles discutiram a questão intensamente em março".
Diversos "memorandos descreviam o que as fotos mostravam. Você não precisa ver as fotos. Eles entenderam rapidamente que tinham um grande problema nas mãos", acrescentou Hersh, observando ainda: "Se houve um aspecto redentor no caso, foi a amplitude e a paixão da investigação inicial do Exército. O inquérito começou em janeiro, sob a chefia do general Antonio Taguba. Em março, o general Taguba, na época baseado no Kuwait, apresentou seu relatório".
A conclusão é clara: houve "numerosos incidentes de abusos criminosos, brutais, descarados e sádicos em vários presos... um abuso ilegal e sistemático".
Leia a íntegra da reportagem na revista The New Yorker.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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