Se as economias mais ricas – Estados Unidos, Europa e Japão – tendem a manter baixas taxas de crescimento em 2007, em torno de 2% ou pouco acima disso, os países emergentes, com crescimento médio de 7% ou mais, como neste ano, devem sustentar a expansão da economia mundial, de cerca de 5% em 2006. Portanto, 2007 será mais um ano em que a globalização criará grandes oportunidades.
Com sua economia de US$ 13,3 trilhões anuais, os EUA surpreendem, apesar das previsões catastrofistas. O déficit comercial deve bater recorde em 2006. Mas não haverá colapso da moeda americana enquanto a China, que terminou o ano com US$ 1 trilhão de reservas, continuar comprando dólares.
“A queda do dólar deve aliviar um pouco o déficit comercial, os juros estão estabilizados, talvez entrem num ciclo de queda, e os preços do petróleo estão mais estáveis”, observa o economista e doutor em relações internacionais Paulo Wrobel, assessor de ciência e tecnologia da Embaixada Brasileira no Reino Unido.
“A economia européia está razoavelmente bem, apesar do fortalecimento do euro. Passou a fase mais recessiva”, comenta Wrobel.
O Japão, que parecia ter vencido a estagdeflação dos anos 90, voltou a patinar. No terceiro trimestre, a taxa de crescimento anual foi de 0,8% devido às exportações, com consumo doméstico fraco.
Pelo segundo ano seguido serão os países emergentes, sobretudo a China e a Índia, com taxas de crescimento em torno de 10%, e também a Rússia, com seus vastos recursos energéticos, que manterão a economia mundial numa expansão em torno de 5%. Com o aumento da demanda provocado pelo extraordinário crescimento asiático, é improvável que o preço do petróleo, que chegou a US$ 78 em agosto de 2006, caia para US$ 50.
Há uma mudança no equilíbrio de poder na economia internacional, nota The World in 2007 (O Mundo em 2007), a edição especial da revista inglesa The Economist com previsões para o ano que começa.
O poder está se deslocando com a crescente importância da Ásia, uma região muito menos institucionalizada que a Europa, sem acordos de segurança coletiva, onde a proliferação nuclear coloca novos riscos. Por enquanto, o crescimento econômico parece a cura para todos os males.
A revolução econômica provocada pela globalização vai muito mais longe. Com a liberalização comercial, o avanço tecnológico, o desenvolvimento dos mercados de capitais e as mudanças demográficas, a atividade econômica passa por um enorme rearranjo, observa a consultora McKinsey em suas Tendências Macroeconômicas.
Hoje a Ásia, excluindo o Japão, é responsável por 13% do produto mundial bruto, enquanto a Europa tem mais de 30%. Em 20 anos, estes dois continentes devem convergir. A China fará 20% da produção manufatureira até 2020 ou 2030.
No setor de serviços de informática, a mudança será igualmente dramática. O grande destaque deve ser a Índia. Como líder das revoluções tecnológicas de informática e biotecnologia, os EUA provavelmente continuarão tendo a maior economia do mundo.
Quanto ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu anunciar um conjunto de medidas para acelerar o crescimento, que no primeiro governo ficou na média fraca de 2,7% ao ano, pouco acima de Fernando Henrique Cardoso, que enfrentou diversas turbulências na economia internacional.
MAIS UM BILHÃO DE CONSUMIDORES
Com o crescimento dos emergentes, um bilhão de novos consumidores entrarão no mercado global na próxima década. Até 2015, o poder de compra dos países emergentes deve mais do que dobrar, de US$ 4 trilhões para US$ 9 trilhões.
Também haverá mudanças dentro dos países. Em 2015, a população hispânica dos EUA terá o poder de compra de 60% da China.
A contrapartida do crescimento dos emergentes é um aumento do protecionismo nos países ricos, ou pelo menos uma redução do ímpeto liberalizante, como se vê na estagnação das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio.
Em julho, vence a Autoridade de Promoção Comercial dada pelo Congresso ao presidente Bush. É improvável um acordo até lá. A rodada deve se estender por mais alguns anos, empurrada pela dinâmica do comércio internacional, que cresce 9% ao ano.
No meio desta revolução tecnológica, surgem novos modelos de negócios. Diversos setores, nota a McKinsey, apresentam uma estrutura com poucos gigantes no topo, poucas empresas médias e uma grande variedade de pequenas e microempresas extremamente ágeis na base.
Há também uma aproximação de produtores, fornecedores e distribuidores que cria um novo “ecossistema” de negócios.
A participação cada vez maior de pequenos investidores nos mercados financeiros aumenta a oferta de capital, muda os padrões de propriedade das empresas e seus ciclos de vida.
As bolsas de valores tiveram seu melhor resultado desde 2003. O Financial Times prevê queda em 2007 mas ressalva que as taxas de crescimento e as operações de fusão e incorporação podem esquentar o mercado.
Neste ambiente ultracompetitivo, a gestão passou de arte à ciência. Não pode prescindir dos métodos mais modernos de administração – e isto vale tanto para o setor público quanto para o privado.
Outra constatação importante da McKinsey é um crescimento da demanda por ações efetivas do setor público em saúde, educação e previdência social que exige um aumento de produtividade. Nos EUA, por exemplo, o economista Paul Krugman, um dos maiores críticos do presidente George Walker Bush, acredita que chegou a hora de oferecer cobertura de saúde universal à população americana.
O acesso cada vez maior à informação está moldando a chamada economia do conhecimento. Sites de busca na Internet como o Google oferecem quantidades praticamente infinitas de informações. Mas a transformação é muito mais profunda. Estão surgindo novos modelos de produção, acesso, difusão e propriedade do conhecimento.
A cada ano desde 1990, o número de patentes registradas aumenta 20%.
O risco, tanto para empresas quanto indivíduos, é como se orientar nesta selva da informação.
Leia a íntegra em minha coluna em www.baguete.com.br
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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