terça-feira, 30 de janeiro de 2007

"Raúl Castro governa com liderança decisiva"

O vice-presidente Raúl Castro, que substitui interinamente seu irmão, Fidel Castro, como dirigente máximo de Cuba, consolidou sua liderança e terá ampla margem de manobra para conduzir a transição depois da morte de Fidel, afirma em entrevista ao jornal francês Le Monde o ex-agente secreto americano Brian Latell, professor da Universidade de Miami e autor de 'Depois de Fidel: Raúl Castro e o futuro da revolução cubana'.

Seis meses depois da transferência de poder por força da doença de Fidel, não houve críticas internas à liderança de Raúl, observa Latell. "Ele pede conselho a uns 20 altos funcionários da nomenklatura cubana e 'novas reflexões' aos universitários".

Por duas vezes, em agosto e dezembro do ano passado, Raúl propôs a abertura de diálogo para "normalizar as relações com os Estados Unidos".

O ex-espião da CIA (Agência Central de Inteligência), o serviço de espionagem dos EUA, acredita que sua intenção é genuína: "Creio que Fidel compreende melhor a situação do que Fidel. Sabe que deve melhorar a economia do país custe o que custar. Sabe que deve atender aos anseios dos mais jovens, uma geração desencantada que não compartilham, nas palavras de certos dirigentes em Havana, dos valores da revolução".

Para recuperar a economia do país, "Raúl quer diversificar os investimentos estrangeiros, inclusive dos EUA. Quer desenvolver as atividades de pequenas empresas. O setor de turismo, que ele controla, funciona com base em técnicas de gerenciamento capitalistas".

Raúl sonha "em desenvolver uma versão tropical do modelo chinês, combinando abertura econômica com restrições às liberdades individuais e políticas", descreve Latell. "Mas atenção: ele pensa no modelo chinês de Deng Xiaoping no final dos anos 70 e não no atual. Raúl não quer bilionários de Mercedes em Cuba".

Na opinião do ex-espião, Raúl é o grande organizador do regime: "Fidel, o narcisista visionário, é o diretor; Raul é o produtor. É ele que estrutura as Forças Armadas, organiza os serviços de segurança e desenvolve setores inteiros da economia. Mas do que antes, o Partido Comunista está em suas mãos".

As outras instituições cubanas também estariam nas mãos de aliados de Raúl. Ele tende a continuar trabalhando em silêncio, cercado de personagens importantes como o vice-presidente Carlos Lage, encarregado das reformas econômicas.

Com a provável morte de Fidel em breve - ele acaba de reaparecer na televisão, bastante debilitado, junto com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez -, Raúl sairá da sombra que o obscurece: "Haverá festa em Miami e uma transição pacífica em Cuba", prevê o ex-agente da CIA. "Pode haver manifestações mas não acredito que desestabilizem o regime cubano. Será preciso observar as mudanças que Raúl fará depois do funeral. O irmão há tanto reprimido terá finalmente sua catarse, seu momento de libertação, quando exprimirá sua própria política e transformará a revolução na direção que escolher".

Um comentário:

Anônimo disse...

olha da pra explicar melhor
=/
=@