A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, que acaba de assumir a presidência rotativa da União Européia por seis meses, vai lançar neste mês uma iniciativa para harmonizar as legislações da Europa e dos Estados Unidos, de modo a estimular os fluxos de comércio e investimento entre os dois maiores blocos comerciais do mundo - a UE e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, do inglês).
O objetivo maior é restaurar as relações EUA-Europa, abaladas pela decisão do presidente George W. Bush de invadir o Iraque contra a vontade do Conselho de Segurança das Nações Unidas, criando uma "parceria econômica transatlântica", que no futuro poderiam formar uma área de livre comércio transatlântica, revelou a chanceler alemã em entrevista ao jornal Financial Times, de Londres.
Merkel, que também preside este ano o Grupo dos Oito (G-8), que reúne a Rússia e as maiores potências industriais (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), com a exceção da China, dá importância especial às relações com os EUA. Por isso, viaja hoje para Washington.
Primeiro, serão discutidas a regulamentação dos mercados financeiros, especialmente as regras para empresas venderem ações em bolsas de valores, assim como as questões de propriedade intelectual. Merkel luta pelo reconhecimento mútuo dos padrões técnicos adotados na Europa e nos EUA para produtos industriais como automóveis.
Sua ambição é criar um mercado únido transatlântico para investidores. Deve enfrentar resistências de outros países europeus e dos EUA, mais protecionistas com o Partido Democrata assumindo o controle da Câmara e do Senado neste dia 4 de janeiro.
"Nossos sistemas econômicos se baseiam nos mesmos valores", argumentou a chanceler alemã. "Precisamos estar atentos para que não se afastem e que se aproximem onde houver claras vantagens para ambos os lados. Temos uma experiência acumulada sobre mercados únicos na Europa. Aprendemos a combinar o sistema legal anglo-saxônico com o da Europa continental, que são diferentes".
As negociações formais começam numa reunião de cúpula EUA-UE em maio. O deputado Mathias Wissmann, da Comissão de Europa da Câmara Federal da Alemanha, acredita que até 2015 seja possível integrar os mercados financeiros, o que reduziria o custo das transações transatlânticas em 60%.
Angela Merkel também pretende negociar uma parceria estratégica com a Rússia na base da reciprocidade. Se a Rússia proteger suas empresas estratégicas, os países da UE podem impor restrições semelhantes aos investidores russos.
Outro tema importante em sua ambiciosa agenda para a UE é a tentativa de ressuscitar a Constituição da Europa, derrotada em plebiscitos na França e na Holanda, em 2005.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 4 de janeiro de 2007
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