O inesperado crescimento do emprego e dos salários nos Estados Unidos em dezembro derrubou a Bolsa da Valores de Nova Iorque e a maioria dos mercados do mundo inteiro, que seguem a orientação de Wall Street, como a Bolsa de Valores de São Paulo, que caiu 4%. No fim do dia, o Índice Dow Jones baixara 82,86 pontos (0,66%), fechando em 12.398,01.
No mês passado, a maior economia do mundo gerou 167 mil empregos fora do setor agrícola, 100 mil acima do previsto pelos analistas, indicando uma recuperação do mercado de trabalho após nove meses. Os dados de outubro e novembro, revisados, revelaram que foram criados 29 mil empregos além das estimativas iniciais.
São sinais de que os EUA estão numa desaceleração suave. Devem voltar a crescer mais, sem entrar em recessão.
A contrapartida é a pressão inflacionária dos aumentos salariais, que deve levar o Federal Reserve Board (Fed), banco central dos EUA, a não reduzir a taxa básica de juros da economia americana, hoje em 5,25% ao ano.
O mercado sempre sonha com juros mais baixos, que reduzem o custo do capital, aumentando o investimento e o consumo, enquanto o banco central, como guardião da moeda, está preocupado com as pressões inflacionárias.
Nos últimos anos, a economia dos EUA dá sinais contraditórios, de fraqueza em questões importantes, como o déficit comercial de US$ 850 bilhões anuais e o déficit orçamentário, que enfraquecem o dólar. Mas o vigor do consumidor americano, os ganhos de produtividades e o desenvolvimento científico e tecnológico mostram que é prematuro falar em decadência americana.
De um lado, há um temor de que o Fed tenha exagerado nas altas de juros e de que a economia americana esteja muito enfraquecida, caminhando para a recessão. O aquecimento do mercado de trabalho elimina esta preocupação. Se estão sendo gerados mais empregos e os salários estão em alta, o país está crescendo.
Por outro lado, como o núcleo da inflação, expurgados os preços de alimentos e energia, está acima de meta informalmente perseguida pelo Fed, de 1% a 2% ao ano, e as minutas manifestaram preocupação com o crescimento dos preços, o mercado concluiu que os juros não vão baixar.
Se os juros sobem nos EUA, pode haver uma fuga de capitais dos mercados emergentes para aplicações mais seguras no mercado americano que, com juros muito baixos, rendem muito pouco. Mas há mercados emergentes que já se firmaram, como a China, e estão prontos a desafiar mais esta velha lógica.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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