A China deve gastar US$ 36,4 bilhões neste ano, 15% a mais do que em 2006, informou o governo comunista chinês. O objetivo é modernizar o Exército Popular de Libertação, de 2,3 milhões de soldados, tornando-o mais ágil e mais avançado tecnologicamente, diz um Livro Branco divulgado no final do ano passado.
Um dos objetivos é desenvolver uma Marinha poderosa capaz de defender a segurança nacional, declarou nesta semana o presidente e líder do Partido Comunista, Hu Jintao, que acumula a presidência da Comissão Militar do Comitê Central do partido. Os novos recursos serão investidos em novas armas, treinamento de pessoal, projetos de cooperação internacional, aumento do soldo e da habitação.
O aumento de gastos militares da China, que já é uma superpotência econômica, alarma os Estados Unidos, que acusa o regime comunista chinês de esconder suas despesas reais com defesa, que seriam até três vezes maiores do que o divulgado oficialmente. Mesmo assim, se chegassem a US$ 100 bilhões, ainda seriam um quinto do orçamento militar dos EUA, que se aproxima de US$ 500 bilhões, equivalentes aos gastos militares de todo o resto do mundo.
Também preocupa Taiwan, que o governo chinês considera uma província rebelde, e o Japão, rival histórico e inimigo na Segunda Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, o novo primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, fala em melhorar as relações com a China e em abolir a cláusula pacifista da Constituição de 1947, imposta pelos EUA, que proíbe o Japão de enviar suas Forças Armadas ao exterior. Abe afirmou que seu país tem por princípio a eliminação de todas as armas atômicas e que por isso não pretende desenvolver armas nucleares.
A questão tornou-se mais sensível com o teste nuclear da Coréia do Norte no ano passado.
O Livro Branco é importante na medida em que raramente o governo chinês divulga detalhes sobre as Forças Armadas, base do regime comunista, que tecnicamente é uma ditadura militar. Ele estima que os gastos com defesa cresceram em média 15,4% anualmente nos últimos 15 anos.
"A China segue uma política de defesa nacional de caráter puramente defensivo", afirma o Livro Branco, o quinto desde 1998. "A China não vai entrar numa corrida armamentista nem ameaçar militarmente qualquer país". Mas adverte que Taiwan continua sendo uma séria ameaça à estabilidade regional por causa de "forças separatistas".
Também cita o agravamento das tensões na península coreana desde que a Coréia do Norte fez uma experiência nuclear.
A China travou guerras de fronteira com a Índia, a extinta União Soviética e o Vietnã. Além disso, disputa ilhas do Mar da China com o Japão, o Vietnã, Taiwan, a Malásia, o Brunei e as Filipinas. Todos estes países têm hoje boas relações com o governo de Beijim, mais interessado em estabilidade política para não atrapalhar seu extraordinário desenvolvimento econômico.
Para o regime chinês, a única coisa inaceitável seria a independência de Taiwan.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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