Um esquadrão de fuzileiros navais (marines) dos Estados Unidos que fora atacado com uma bomba de beira de estrada em Haditha, no Iraque, tirou cinco civis desarmados e inocentes de um táxi, e o comandante matou-os a tiros, declarou uma testemunha em depoimento obtido pelo jornal The Washington Post.
O inquérito do Serviço de Investigação Criminal da Marinha revela novas detalhes sobre o massacre, ocorrido em 19 de novembro de 2005. Pouco depois do comboio dos fuzileiros navais ser atingido, o que matou um soldado americano e deixou outros dois feridos, um táxi branco chegou ao local da explosão.
As testemunhas contam que o comandante do esquadrão, sargento Frank Wuterich obrigou os passageiros indefesos a descer do táxi a fuzilou-os um a um enquanto eles ficavam de pé junto a seu veículo, a cerca de três metros de distância do chefe dos fuzileiros navais. Outro marine atirou nos corpos das vítimas quando eles já estavam caídos no chão.
"Eles não tiveram a menor reação. Não tentaram correr", descreveu uma testemunha, um jovem soldados iraquiano que acompanhava a operação dos fuzileiros navais. "Estávamos com medo dos marines. Ele se comportavam como loucos, gritando e berrando".
Quatro fuzileiros navais foram acusados pela morte de 24 civis, inclusive mulheres e crianças, naquele dia em Haditha. Outros quatro oficiais foram denunciados por obstruir a investigação. Foi o pior crime cometido por soldados americanos até agora no Iraque.
Depois de fuzilar os passageiros do táxi, os marines atacaram as casas próximas, atirando indiscriminadamente, usando granadas e fuzis para matar 14 civis desarmados em suas próprias casas em apenas 10 minutos.
Na segunda casa atacada, cinco pessoas morreram. Só sobrou uma menina de 13 anos que perdeu sua mãe, o irmão de 5 anos e a irmãzinha de 3 anos. "O americano atirou e matou todo o mundo", declarou Safah Yunis Salem aos investigadores.
Os quatro fuzileiros navais denunciados são Wuterich, o sargento Sanick de la Cruz, e os cabos Justin Sharratt e Stephen Tatum. Podem ser condenados à prisão perpétua.
Para os advogados de defesa, os tiros não foram vingança pelo companheiro morto. Seus clientes estariam apenas respondendo a uma ameaça. Foram atacados e reagiram.
Os investigadores ouviram centenas de pessoas. Muitos depoimentos são contraditórios, reconhece o Post, mas é evidente que o massacre de Haditha foi uma das matanças deliberadas de civis inocentes desta guerra.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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