O governo do Iraque abriu inquérito sobre a origem da gravação que mostrou o ex-ditador Saddam Hussein (1979-2003) sendo insultado por seus carrascos antes do enforcamento. Um assessor do primeiro-ministro Nuri al-Maliki afirmou que o governo também ficou surpreso com a divulgação via Internet dos sons e imagens que provocaram revolta entre os sunitas ao mostrar a execução com uma vingança xiita.
A gravação clandestina alimenta a violência sectária entre sunitas e xiitas, que muitos já consideram uma guerra civil. O governo distribuíra uma gravação oficial sem som e sem a imagem do ditador pendurado na forca.
"Alguns guardas gritaram slogans inapropriados e isto está sendo investigado pelo governo", declarou Sami al-Askari, assessor de Maliki. Eles gritaram "Vá para o inferno!" e deram vivas ao aiatolá Muktada al-Sader, inimigo do ex-ditador.
Como Sader apóia o governo Maliki, o vídeo-pirata reforçou a idéia entre os sunitas de que o novo governo do Iraque representa e defende apenas os xiitas, e não todos os iraquianos. O próprio Maliki atuou decisivamente na desbaathificação do Iraque, o expurgo dos aliados de Saddam após a queda do ditador, em 9 de abril de 2003.
Muitos sunitas sem culpa pelos crimes do ex-ditador teriam sido afastados, criando ressentimentos em relação ao primeiro-ministro e prejudicando seus planos de reconciliação nacional. Ele assinou a ordem de execução horas antes do enforcamento de Saddam.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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